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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Final Fantasy VII

 



Depois de mil anos de procrastinação eu resolvi finalmente escrever os vários posts que eu tava pretendendo fazer aqui. Desde aquele post de And then there was Ben (que era um post que eu não pretendia fazer tão cedo) eu fiquei em mais um hiato porque minha produtividade é assim mesmo. Mas recentemente eu tô mais motivado então eu resolvi investir um pouco da minha motivação aqui no blog. 

Essa review era algo que eu tava bem ansioso pra fazer. Sabe, como da pra perceber eu nunca fui lá muito chegado a RPGs, eu deixei aquilo bem claro no post de P2. Tirando Pokémon e os RPGs de Mega Man eu não joguei praticamente nada do gênero. Mas aí eu joguei P2 e curti bastante. E embora Eternal Punishment tenha sido dor e sofrimento eu ainda tava disposto a jogar mais RPGs, eu já tava devendo jogar FFVII porque me recomendaram então eu só fui.

Então como da pra imaginar eu sou um dos homens da caverna que nunca jogou um FF na vida. E eu nunca nem tive muito interesse também pra começo de conversa. Claro que por esse ser um jogo famoso pra caralho eu conhecia sim umas coisas em relação a ele, tipo a morte da [REDACTED] e coisas do tipo, mas ainda assim a minha experiência foi bem próxima de uma jogatina as cegas, ao menos o mais próximo que dava pra ser considerando o fato desse jogo ser bem famoso e ter quase uns 30 anos. Mas bem... não vou mais ficar enrolando.

Spoilers do jogo todo 

Cloud: O soldado da natureza

Bem, eu imagino que todo mundo conhece a sinopse da história desse jogo, mas vou falar mesmo assim porque isso faz parte da maldição de fazer reviews. Enfim.. a história desse jogo se passa em Midgar, uma metrópoles fodelona que é controlada pela Shinra, uma corporação de energia mais fodelona ainda que cresceu pra caralho após encontrar meios de converter a "alma" do planeta em um tipo de energia chamada Mako. Como da pra imaginar isso aí é algo bem ruim já que o planeta tá lentamente morrendo por causa disso aí, mas quase ninguém da uma foda porque o capitalismo é assim mesmo. 

No entanto, um grupo de pessoas que dão uma foda tão tentando acabar com essa porra toda aí, esse grupo é uma organização ecoterrorista intitulada de Avalanche. Eles agem explodindo os reatores de Mako que energizam a cidade, na tentativa de fuder com a Shinra. O jogo começa com um mercenário chamado Cloud Strife no meio de uma dessas missões da Avalanche.

Como da pra ver eu só fiz uma sinopse meio merda e a razão disso é que eu definitivamente não vou fazer um resumo da história toda que eu nem fiz com os jogos de Mega Man Zero por exemplo. RPGs normalmente tem enredos gigantes então é. E eu também não vou fazer um resumo que vai até onde o plot de fato começa a andar que nem as reviews de P2 porque bem.. o plot de FFVII já começa andando. E também tem o fato que todo mundo lendo isso muito provavelmente já jogou o jogo então whatever.

Bem, eu gosto bastante da história desse jogo. Esse setting é bem bacana, Midgar e tudo envolta dela é um negócio bem explorado e bem feito. É muito bom o tempo que o jogo leva pra estabelecer como a cidade funciona e como é a sociedade que vive ali, dando um tempo pra mostrar toda a segregação fudida de classes ali presentes e tudo mais. Midgar é um lugar que eu acho bem daora ver umas trivias sobre ou coisa do tipo, porque eu legitimamente tenho interesse nela, isso se deve bastante ao fato da cidade em si ser bem foda mesmo. Quero dizer, se alguém me dissesse que conseguiram tornar o conceito de uma cidade baseada em uma pizza algo genuinamente legal e bem trabalhado eu.. provavelmente acreditaria, mas ainda é bem surpreendente algo assim existir. Essa decisão do jogo tomar o seu tempo e fazer as primeiras 5 horas se passarem exclusivamente em Midgar foi bem daora e os frutos disso aí são bem evidentes.

Mas as coisas fora de Midgar são interessantes também, quero dizer, os outros lugares não são lá tão interessantes quanto a pizza voadora em si, mas a lore do jogo é algo que eu certamente aprecio. Acho bem daora essa mistura de fantasia com sci-fi. É bem legal ver esses elementos misticos tipo a lifestream ou os cetras coexistindo com a Jenova por exemplo. E não chega a ser um contraste absurdo porque esses conceitos são interligados de um jeito bem orgânico, por mais misticos que certas coisas tipo a lifestream sejam, normalmente sempre vai ter uma lógica por trás que vai amaciar esse "choque" com as coisas mais sci-fi. 

Acho bacana a forma que a história é contada também. Um criticismo que vejo o pessoal falar é que ela é uma bullshit mais complicada do que devia ser, o que eu compreendo já que depois de um tempo o plot começa a ficar complexo pra porra mesmo, e chega a ser complicado manter o foco em uma penca de plot points e de fato entender o que tá acontecendo. Mas isso aí não é derivado de uma história mal explicada ou coisa do tipo então eu não vejo como um problema. O jogo apresenta o essencial no plot principal e o resto das coisas ficam em cenas opcionais ou então informação que você acha por aí tipo os relatos na Shinra Mansion. Acho que se fosse pra ter um problema mesmo seria a termologia de umas coisas, mas isso parece mais um resultado de tradução meio ruinzinha mesmo. 

Ainda assim é uma direção que eu aprecio, se o jogo explicasse absolutamente tudo iria ter uma penca de infodump merda atrapalhando o momentum do enredo em si. No entanto eu acho meio questionável as coisas que o jogo prioriza focar sim. O jogo podia ter explicado na história mesmo o que caralhos as Weapons são, é meio paia o pau estar comendo solto no jogo e aí surgir esses Digimons gigantes do nada pelo mapa. Saber que esses bichos eram um mecanismo de defesa do próprio planeta que eram liberados quando o mesmo se sentisse ameaçado nas cenas extras é paia, I mean, um desses causou a queda da Shinra e o jogo nem explica a origem deles no plot principal mesmo. 

E tem outro exemplo meio paia também, o flashback que mostra como o Zack morreu e tudo mais é um negócio bem importante pra entender a história do Cloud e ainda assim isso é uma cena escondida que eu não teria achado se não tivessem me falado. Tipo, porra. Isso é um momento bem crucial pro personagem, e Crisis Core fez uma versão bem absurda desse evento com direito a música triste de anime de fundo.

Acho que uns detalhes mais específicos tipo como o corpo de cada um deles reagiu aos experimentos com Mako devem ficar por aí mesmo, que nem os livros da Shinra Mansion. Mas algo essencial pra cacete pra caracterização do Cloud não devia ter sido algo opcional não.

(Roubei do Dunkey mesmo, foda-se.)

Já que eu entrei nessa tangente da backstory do Cloud eu acho que é justo eu falar dos personagens agora, bem, eu gosto bastante deles. 

O Barret é hilário pra cacete e eu gosto da backstory dele envolvendo tudo que rolou lá em Corel e tals. Eu gosto principalmente do fato dele dele não ser lá o cara mais perfeito do mundo também, quero dizer, o coração dele tá no lugar certo mas a imprudência dele e a forma que ele age num geral não são lá muito boas. Gosto da cena onde a Tifa fala pro Barret que pessoas inocentes morreram quando eles explodiram o reator e o Barret fala que era algo necessário pro planeta. Ele é um pai amável e um bom amigo mas ele é bem egoísta também. E eu gosto de como o jogo chamou atenção a moralidade distorcida dele nessa cena em questão.

Gosto da Tifa também. Uma das minhas partes favoritas é quando ela da uma de psicóloga e ajuda o Cloud a sair do mind fuck fudido causado pelo envenenamento de mako e dos 300 traumas diferentes que ele sofreu. Pelo visto tem gente que odeia ela por não ter apontado as incoerências no que o Cloud dizia e tudo mais mas eu respeitosamente devo chamar quem acha isso aí de beta cuck. A Tifa é bem considerável então ela não iria simplesmente abordar uma situação delicada dessas de um jeito tão brusco assim. E eu diria que isso aí é a coisa que eu mais acho bacana nela, sinceramente eu não consigo pensar em algum outro party member que teria sido forte o suficiente pra tankar toda essa situação de descobrir que seu amigo tá meio fudido do nada e ainda abordar a situação do jeito certo.

A Aerith é bem bacana também. Gosto da personalidade mais pushy dela e como isso contrasta ela com o Cloud. A química dos dois foi uma das coisas que mais me entreteu durante essas primeiras horas do jogo. E eu aprecio bastante como a abordagem menos delicada dela foi essencial pro Cloud sair um pouco do casco. A cena da morte dela é bem foda também, mas falo mais disso depois.

O Cid é outro personagem que eu gosto bastante, a última coisa que eu esperava nesse jogo era ter um boomer puto da vida na party, mas no fim das contas é isso que eu consegui. E sinceramente eu não tô reclamando não, o plot dele envolvendo ir pro espaço e tudo mais e é bem bacana ver um personagem mais vivido que o resto, com assuntos não resolvidos na vida e tudo mais, o Barret tem isso de certo modo também mas eu acho que o arco do Cid é bem mais pé no chão nesse quesito. Also o Cid é simplesmente hilário, o fato do jogo ter uma penca de censura só deixa as coisas mil vezes melhores, o fato dos xingamentos dele serem censurados a ponto de serem incompreensíveis é um charme que eu fico bem triste ao lembrar que vai ficar de fora no remake.

O Caith Sith é bacaninha também, gosto do subplot dele ser um agente duplo, e depois que ele faz merda lá eu achei bacana acompanhar a redenção dele também.

E então tem o resto, Nanaki, Vincent e Yuffie. Já deixo claro que eu nem achei a Yuffie durante o jogo então foda-se ela. E em relação ao Nanaki e o Vincent, eu meio que não ligo muito sinceramente. Eu gostei do subplot do Nanaki descobrindo que o pai dele foi um herói e tudo mais, mas isso foi bem cedo no jogo e depois disso ele meio que só tava ali e foda-se, e eu também gosto da história do Vincent e daquela cena extra dele encontrando a Lucrecia, mas assim como o Nanaki ele meio que só tava ali também.

Meu problema com esses jogos com múltiplos party members é esse aí. Tudo bem que o Vincent é opcional e tals, mas o Nanaki é um party member obrigatório e mesmo assim ele só fica meio que passeando com o pessoal sem fazer muita coisa na história como um todo. Eu gostei do desenvolvimento dele em Cosmo Canyon e tava ansioso pra ver mais dele na história mas depois de um tempo eu cheguei a conclusão de que talvez não fosse fazer muita diferença se ele tivesse abandonado a party logo depois de voltar pra casa assim como ele pretendia originalmente.

Mas hey, tem um personagem que eu não falei sobre ainda, e esse é o soldado da natureza, Cláudio Brigão.

E sinceramente, assim como o Tatsuya em EP o Cloud roubou o show aqui. Só que de forma bem mais discreta porque o Tatsuya foi meio que o único personagem realmente desenvolvido naquele jogo mas whatever, a questão é que o Claudinho botou pra fuder.

Eu não tava com muitas expectativas porque ele não parecia o tipo de personagem que me agradaria, e pra ser sincero eu inclusive já cheguei a achar que o Cloud era um protagonista mudo. Mas quem diria, aquele cara que aterrorizou o metagame de Smash 4 com "Genkai wo Koeru" acabou se tornando um dos meus personagens favoritos de todos.

Colocando toda a atitude e o edge de lado o Cloud é bem fraco. Emocionalmente fraco pra ser mais exato. Ele não é um edgelord fodão, ele é só um garoto extremamente anti social que tenta ao máximo ser legal e descolado. 

Ver o desenvolvimento do Cloud é uma coisa bem gratificante de verdade, ele tem um monte de altos e baixos ao decorrer da história então quando ele finalmente fica bem consigo mesmo e para de atuar é algo bem foda de ver. Ele fica bem cheesy e bobão, tipo quando ele fala pro Cid que nunca vai abandonar os amigos dele ou então quando ele surta no submarino da Shinra porque ele tá ficando enjoado. Embora esse tipo de coisa possa ser visto como uma regressão pra algumas pessoas eu definitivamente não acho isso, tudo que o Cloud tá fazendo é se expressar e parar de fingir ser alguém que ele não é. 

O Cloud passou por um monte de merda na vida. Tem uma caralhada de traumas e memórias dolorosas, e pra botar sal na ferida ele não foi forte o suficiente pra aguentar a infusão de mako no corpo dele e isso degradou a mente dele mais ainda. E na tentativa de manter essa persona de soldado classe A fodelão que a mente dele criou como uma forma de enfrentamento a morte do Zack ele só tava fugindo dos problemas dele, nunca enfrentando o passado e se tornando realmente "forte". Com isso a mente dele tava toda fragmentada e fudida e ele tava extremamente suscetível a manipulação psicológica do Sephiroth. Tudo isso culminando na cena em que ele começa a espancar a Aerith..

Mas no fim das contas, o Cloud teve uma boa sessão de terapia com a Doutora Lockhart que o ajudou a juntar as peças dessa mente quebrada dele. E ele superou essa instabilidade emocional dele, assim podendo finalmente agir como o Cloud Strife; o garoto ordinário que demonstra fraqueza. E não como uma imagem distorcida do Zack Fair; o bom soldado que empunha a sua auto confiança.

A ideia de um personagem desse arquétipo de edgelord perceber que se distanciar emocionalmente da realidade e mascarar a sua vulnerabilidade na tentativa de alcançar essa idealização de força não ajuda em porra nenhuma no final é boa pra caralho. Claro que não vou pagar de sabichão e consumidor de toda mídia existente, mas esse tipo de coisa já não acontece muito hoje em dia, então imaginar que um jogo de 97 fez um arco de personagem assim, pra um protagonista ainda, é de fuder. E é triste pra caralho saber que Final Fantasy VII Advent Children aniquilou a caracterização do Cloud ao ponto da massa enxergar ele justamente pelo o que ele NÃO é, mas acontece. 

De qualquer modo, eu não sei como tem gente que ousa dizer que o Cloud desse jogo é uma porta. 


E por fim tem o Sephiroth. O Sephiroth é um vilão bem sólido, eu gosto dele ficando loucão após descobrir a origem dele. Mas gosto mais ainda dele como um obstáculo mesmo. Ele é bem imponente como um vilão e eu gosto bastante disso, tá sempre um passo a frente da party também. Bem engraçado que no começo do jogo a preocupação maior era a Shinra mas ao longo do tempo o Sephiroth foi ficando mais e mais prevalente e aí ele simplesmente tacou os engravatados pra escanteio e virou a maior ameaça de todas. 

E eu gosto bastante de como só a presença dele afeta pra caralho o Cloud, o cara é realmente a encarnação de tudo de ruim na vida dele. E embora essa dinâmica dos dois infelizmente tenha sido forçada pra caralho através de frases cheesy e clichês posteriormente, esse jogo faz um trabalho muito bom em enfatizar isso sem precisar desse tipo de coisa. A gigantesca maioria das coisas que deram de errado na vida do Cloud são resultados das ações do Sephiroth, ele encheu o moleque de trauma. E isso torna ele a manifestação física desse passado que o Cloud tenta sempre suprimir. Isso é algo que não para por aí também, visto que graças a habilidade de manipular células de Jenova que o Sephiroth tem isso fica mais enfatizado aí, literalmente os traumas fudidos do Cloud manipulando a mente vulnerável dele como uma marionete. 

Sim, o Sephiroth não é lá o personagem mais complexo do mundo, e não é como se ele tivesse uma ligação nesse nível com a party toda. No entanto, ele ainda é bem sólido como eu já disse. A Shinra como um todo ainda são os antagonistas com maior intimidade pra essa história na minha opinião, o próprio Sephiroth é um produto deles. E é meio paia que eles tenham sido jogados pra escanteio, mas não da pra ganhar todas.

E bem, voltando a história em si. Gosto bastante da narrativa também. Apesar de ser um plot meio bagunçadinho eu tava bem interessado em acompanhar as coisas. Não me lembro de nenhuma parte que eu achei chata pra cacete ou algo assim. 


E eu amo pra cacete umas cenas em específicas também, tipo, em questão de produção mesmo. 

O flashback em Nibelheim é bem foda, não só é a primeira vez que a gente de fato da as caras com o Sephiroth como também tem bastante tensão. A ideia de fazer a gente jogar essa sessão inteira é realmente muito boa e ajuda pra cacete na imersão, não só isso mas vendo o Sephiroth na party da pra ver que todo aquele hype envolta dele não era por nada já que ele simplesmente aniquila tudo enquanto o Cloud tem o cu arregaçado em quase toda luta. E eu gosto pra cacete do Sephiroth lendo as circunstâncias bizarras sobre o nascimento dele e ficando progressivamente mais louco da cabeça. Tudo isso culminando na cena onde ele taca fogo na vila toda enquanto Those Chosen by the Planet finalmente sai daquele loop curto e o trecho novo acompanha a cinemática até o fim. Tipo, cacete.

E esse não é só o único momento assim, eu gosto pra cacete da morte da Aerith também. Isso é algo que eu já sabia e pra ser sincero eu não tava lá muito emocionalmente investido, mas isso é mais porque eu infelizmente sou frio e calculista mesmo. Mas de qualquer jeito, ainda foi uma cena que eu simplesmente apreciei pra caralho mesmo. Assim como o flashback em Nibelheim tem uma baita tensão durante essa sessão inteira. 

E a morte em si é foda demais também, mesmo com o Sephiroth bugando e ficando de boca aberta o tempo todo ainda foi uma cena bem foda, talvez a quote do Cloud sobre a Aerith nunca mais rir e nem chorar seja meio dramática demais, mas não é algo que realmente me distraiu e nem nada assim. E assim como Those Chosen by the Planet aqui é a primeira vez em que a gente escuta o tema da Aerith por completo também, e o fato dele continuar tocando sem parar durante a boss battle é muito bom. Mas sinceramente eu acho que a cereja no bolo é o Sephiroth dizendo pro Cloud parar de fingir que se importa porque no fim das contas ele é só uma marionete. Acho que esse diálogo não é tão apreciado quanto deveria ser, não só é uma crítica a postura edgy e distante do Cloud como também zomba do fato dele ser só um amontoado de células de Jenova que podem ser facilmente manipuladas pelo Sephiroth, só é uma quote boa pra cacete mesmo.

Mais uma vez vou mamar o Cloud aqui e dizer que as cenas onde o Cloud tem as suas crises de identidade me parecem representar bem pra caralho como seria experienciar dissociação devido a alguma condição psicológica na vida real mesmo. A abordagem dessas cenas tem uma direção bem "terceira pessoa" mesmo. Com a câmera travando no Cloud, o filtro distorcendo um pouco a iluminação da tela, e a narração da mente dele aparecendo como texto por cima da tela. Sem contar as inúmeras silhuetas do modelo dele surgindo uma por cima da outra ao decorrer dessas cenas, cada uma realizando uma animação diferente e acumulando assim, eu acho que vende muito bem essa ideia de despersonalização. Chega a um ponto onde eu imagino que a equipe realmente pesquisou sobre ou algo assim, porque é difícil pra cacete ter um acerto desses por pura coincidência.

Esse jogo tem um bocado de coisa assim. Isso foram só algumas das cenas mais marcantes pra mim mesmo. É um jogo que é bem mais "cinemático" do que ele normalmente deveria ser, ainda mais pra um RPG da época. Eu aprecio pra caralho isso aí. Eu entendo não enxergar o jogo como uma obra prima e achar que o pessoal superestima demais a história e tudo mais, mas eu adoro de verdade esse passo além que esse jogo deu nesse quesito, ele foi realmente bem ambicioso, e felizmente ele não chegou a tropeçar por isso.

Mas é, good shit.

E já que falei da morte da Aerith eu acho uma boa citar a reta final desse jogo que é bem bacana. Meteor sendo summonado da uma tensão bacana pra esse ano final e o fato dele ficar no mapa como um perigo se aproximando ajuda a enfatizar o tom, gosto bastante do tema do mapa mudar pra algo mais sombrio nessa parte também.

No entanto a parte que eu mais gostei desse final foi a cena da party inteira se separando antes de irem até na cratera lá. Ver todos eles considerando passar o último dia com aqueles que eles amam só pra todos eles decidirem retornar pra Highwind porque o dever deles é parar o Sephiroth foi bem bacana. E até mesmo os pilotos da Highwind decidiram acompanhar a party, blessed demais.

E eu acho que a última coisa que eu tenho a comentar em relação a narrativa é que esse jogo é engraçado pra caralho as vezes. Não no sentido de ser ruim ou algo do tipo, mas genuinamente engraçado mesmo. Gosto bastante que até essa reta final o tom do jogo é até que bem leve, e tem muita cena bizarra e meio que sem sentido que acabou arracando um sorrisinho meu. Esses momentos nunca chegam a criar uma dissonância também, é algo legal sem dúvida alguma.

Mas enfim, eu curto bastante a história desse jogo sim, ela é fuck demais mesmo.

Materia: Conheça a nova moda entre os jovens
A gameplay desse jogo é bem o que você esperaria de um JRPG da época mesmo. Combate por turno e tudo mais, com a diferença de que é um combate de turno em tempo real, coisa que já tava na franquia desde o VI pelo visto.

Não é algo exclusivo que foi introduzido nesse jogo como eu disse acima. Porém é algo que eu vou comentar um pouco mesmo assim foda-se. Curto bastante esse sistema de tempo real, é uma mudança pequena que faz uma diferença significativa pras batalhas, da um senso de urgência bem bacana que adiciona um pouco de dinamismo a algo tão mundano quanto navegar pelos menus de batalha.

Acho daorinha a primeira boss battle do jogo com aquele escorpião, onde tem todo um lance de atacar ele com o timing certo, é um uso bacana desse sistema de tempo real. Só acho paia que não tem lá muitas outras instâncias disso no resto do jogo.

Nessa tangente, esse jogo também tem a gimmick de Limit. Que é uma barrinha que cada membro da party tem e que vai enchendo em tempo real durante a batalha. Quando cheia ela substitui o seu ataque padrão pelo Limit Break, que é basicamente um especial fodão. Os personagens tem múltiplos Limits pra escolher, embora eles só possam ter um "equipado" por vez. 

É uma mecânica bacaninha mas Super Smash Bros 4 executou ela de forma muito mais FODA e quebrada, sinto muito galera essa é a verdade!

Enfim, o maior diferencial de FFVII é o sistema de Materia. Basicamente esse jogo tacou o job system lá pra puta que pariu e agora coisas como as suas skills, magias e até mesmo stats vão ser influenciados por itens equipaveis chamados Materia, que você pode acoplar no seu equipamento.

Se você for chato tipo eu você pode só ir equipando umas materias que te dão acesso a umas magias e outras coisas do tipo e foda-se. Mas se você for mais sagaz e tiver um QI alto da pra fazer uma caralhada de estratégia absurda que em algumas ocasiões podem simplesmente demolir o jogo. Sério, se tu quiser fazer os personagens despirocarem totalmente e usarem o mesmo golpe umas 80 vezes no mesmo turno você pode. Infelizmente eu nunca fiz algo assim porque eu sou bem chato, o máximo que fiz foi pegar umas skills apelonas através da Materia de Enemy Skill, mas nunca foi nada demais.

Mas acho que algo que exemplifica o quão daora e complexo esse sistema é mesmo, é justamente essa materia. Isso é só uma das várias materias que tem no jogo, claro, ela é a mais complexa de todas e as outras nem chegam perto desse nível obviamente. Não obstante eu acho bacana como tem toda uma "sub categoria" de coisas dentro desse sistema através dessa materia em específica. 

Esse sistema ser tão aberto assim é algo bem foda mesmo. Esse jogo tacou qualquer tipo de classe pra escanteio e criou um cenário onde qualquer personagem pode exercer qualquer função que o jogador quiser. Desde funções mais genéricas tipo healer a até mesmo merda inventada que você decidir. É um nível de customização bem surreal, e talvez a minha palavra não tenha muito valor já que eu joguei um valor negativo de RPGs durante toda a minha vida, mas a única coisa que eu imagino que chegue perto desse nível de customização e variedade é Mega Man Battle Netwok e Star Force mesmo.

E bem, o resto é o tipo de coisa bem normal desse gênero eu diria. Mas esse jogo também tem uma outra peculiaridade..

Ele tenta ser bem mais interativo que o comum, vira e mexe tem algum minigame aleatório por aí. Normalmente coisas como o Cloud fazendo respiração boca a boca em alguém que se afogou, ou então a party fugindo de Midgar numa perseguição de veículos, ou algo como a Tifa fazendo contorcionismo pra escapar de uma execução numa câmara de gás seriam só cenas que você assistiria mesmo. Entretando esse jogo transforma essas coisas em minigames que você joga.

Normalmente eu seria o tipo de cara que acharia isso a coisa mais irritante do mundo mas a maioria dos minigames eu achei bem ok. Teve uns que me irritaram um pouco tipo o da câmara de gás, e alguns que eu tive 0 vontade de fazer que nem aquele do submarino filho da puta.. Mas a maioria é de boa, e tirando alguns casos mais específicos como o do submarino eu não acho que eles quebram o pacing.

Alguns eu acho hilários pra cacete só pela própria natureza deles. Tipo o minigame onde você controla a Tifa brigando com aquela mina lá da Shinra e você tem que apertar o botão várias vezes pra ela ficar metendo tapão na cara dela. Acho que só não chega a ser mais engraçado do que os Quick Time Events designados pra ações mundanas em jogos modernos, que nem no próprio remake desse jogo onde tem um QTE só pro Cloud fazer um high five com a Aerith.

Acho as várias formas de se locomover pelo mapa algo bem fofo também, eu acredito na supremacia dos chocobos.

E sei lá, o resto é o resto eu diria. Dungeon design e esse tipo de coisa pareceu bem de boa pra mim. Mas acho que o difficulty spike antes daquela luta com aquele bichão lá naquele reator perto de Nibelheim foi meio paia, as vezes tem disso dos levels do jogo darem uma decolada sim, mas na maioria dos casos é até ok. Com certeza tá muito longe de ser Eternal Punishment e eu dou graças a Deus por isso todos os dias.

A vantagem de ter jogado o port moderno desse jogo pros consoles atuais é que ele tem um fast forward embutido no próprio jogo, que acelera tudo mas mantém a soundtrack na velocidade normal, não só isso mas tem meio que um modo Deus onde os seus personagens ficam todos buffados com limit e HP sempre cheios e tudo mais. E a combinação desses dois torna o grinding desse jogo bem mais tolerável.

E olha.. vou ser sincero aqui e confessar que eu meio que não tenho mais nada a comentar quanto a gameplay aqui. Nessa onde de reviews de RPGs por turno que eu andei fazendo eu percebi que não tem lá muita coisa a comentar. Com Innocent Sin eu falei de como a gameplay do jogo tem uma ludonarrativa bacana, além de discutir sobre o lance dela ter envelhecido mal ou não, que eu achei importante. E com Eternal Punishment eu sai reclamando das coisas porque era uma merda. 

A gameplay de FFVII é boa sim, tem os sistemas que eu falei e tudo mais, eu acho bons e etc. Mas meio que não tenho mais o que elaborar. Todo mundo sabe como esses jogos funcionam e elaborar seria redundante pra cacete. O sistema de materia é foda e tudo mais mas tirando isso não tem lá muita coisa pra falar. Não é por ser obviamente, mas sim porque é mais do mesmo eu diria.

Talvez isso seja preguiçoso ou cara de pau da minha mas foda-se.

OST e Gráficos na mesma sessão - Versão NFT
(Fiz uma piada sobre NFTs na minha review do jogo ambientalista, ria imediatamente ou sofra as consequências.)

Eu já falei até que bastante da direção do jogo na parte de história. Esses comentários seriam bem colocados nessa sessão mas tô tentando uma abordagem um pouco mais diferente pra essas reviews. Mas bem.. esse jogo é bem bonito. 

Ele tem uma direção de arte bem única, colocando esses modelos 3D por cima desses backgrounds 2D pre renderizados. É algo que não obstante á resolução duvidosa desses backgrounds, ou então a aos modelos dos personagens, eu acho que envelheceu relativamente bem.

E pra ser sincero, eu gosto bastante dos modelos desse jogo, essa abordagem chibi e blocky pros personagens é bem charmosa e fofinha, e acho que foi bem mais inteligente do que tentar fazer algo mais "realista". Tipo isso aqui:

Claro, há quem diga que os modelos mais fofinhos podem subtrair um pouco da experiência das cenas mais sérias mas no meu caso com certeza não é assim. E como eu disse a abordagem do jogo pra esse tipo de coisa vai um passo além e torna isso bem mais difícil de acontecer. 

Outra coisa é que eu gosto bastante como esses backgrounds em resolução baixa amplificam as cenários mais industriais do jogo, os naturais ficam na maior parte das vezes meio feinhos sim. Mas essas texturas metálicas sujas e enferrujadas de alguma forma ficam melhores ainda nessa resolução. É algo semelhante a como as limitações gráficas de Majora's Mask original de N64 deixa o jogo mais macabro ainda. Talvez eu que esteja meio viajado mas é a impressão que eu tenho.

O design de personagens é bem daora também. Sei que o Nomura iria se tornar uma figura bem infame eventualmente, mas o seu primeiro trabalho aqui foi bem bacana. 

Eu gosto especialmente do design do Cloud, eu não sei o que dizer, mas o cabelo assimétrico e bagunçado, essas calças largas de Dragon Ball, o suspensório, a ombreira singular com porcas e parafusos nelas, a Buster Sword gigantesca, e o tom de roxo. Sei lá, tem muitos elementos que não deveriam dar certo mas ficou bom mesmo assim, é um design que eu genuinamente acho icônico. E boa parte das modernizações dele me deixam bem insatisfeito porque elas flertam bem mais com a intenção de deixar ele mais "descolado". Esses otários não sabem o que é legal de verdade, o Cloud clássico sempre será mais foda e chad do que o emo chorão com emblema de lobinho na roupa.

Enfim, eu acho um jogo bem bonito.

E a OST desse negócio é banger total. O Nobuo Uematsu realmente botou pra fuder aqui. 

O tema da Shinra é bom pra cacete e a vibe dele combina perfeitamente com esses vilões. E nessa mesma tangente, Mako Reactor é uma track boa pra cacete também, ela enfatiza bem a industrialidade dessas áreas. E acho que o tema das favelas de Midgar é muito bom também, 

Em relação a temas de personagens eu curto pra caralho o tema do Cid, acho que a pegada mais "militarista" dele casa muito bem com o personagem, e quando ele toca na cena onde o Cid da o discurso pra party ele passa muito bem a sensação de triunfo, por mais que ele não tenha ideia do que caralhos fazer. Outro tema de personagem bom pra cacete é o tema da Aerith, já falei um pouco sobre quando comentei a morte dela então não vou ficar me repetindo, combina bem com a personagem e principal com a grande cena em questão. Bem.. isso não é necessariamente o tema do Cloud, já que ele não tem, mas Who Am I? é perfeito pra porra em toda cena que toca e é o meu tema favorito desses daí com certeza, ele é bem enigmático e representa com exatidão o estado em que a mente do Cloud se encontra.

E os battle themes são muito bons também, as tracks padrões de combate já são bem icônicas. Mas são coisas como One Winged Angel que realmente botam pra fuder. Embora não seja tão complexa ou ambiciosa quanto uma Dancing Mad da vida. Essa track por si só já é um final boss theme muito bom por si só. No entanto, eu gosto mais de Birth of a God, sim, opinião impopular essa aí mas eu só gosto bastante da vibe dela mesmo, e os sinos tocando o motif de Those Chosen by the Planet é a cereja no bolo. Mas o meu battle theme favorito mesmo é J-E-N-O-V-A, é de longe um dos temas mais distintos do jogo todo e não é atoa, a vibe otherworldly dele combina perfeitamente com o confronto com aberrações genéticas derivadas de um parasita alienígena.

Mas o meu tema favorito do jogo mesmo com certeza é o tema principal, não sei como descrever com exatidão mas eu acho que ele captura a essência dessa aventura toda muito bem, os diversos segmentos dessa track evocam emoções bem distintas, e o produto disso tudo é um tema capaz de fazer você recordar essa experiência inteira. E nessa tangente eu vou citar Highwind Takes to the Skies como outra track boa pra cacete, é um remix bem energético da sessão mais triunfante do tema principal e ele carrega muito bem todo o hype dessa reta final do jogo consigo.

Enfim, é uma OST bem diversa com uma caralhada de músicas muito boas. Falei das mais icônicas pra mim aqui mas basicamente toda track do jogo é boa, botaram pra fuder mesmo.

FFVII é um jogo bem fuck e depois de sair da minha caverna pra jogar eu finalmente consigo entender o hype por trás do negócio, é algo bem ambicioso pra época em inúmeros aspectos e meio que colocou um gênero inteiro no mapa aqui no ocidente por si só. Claro que ninguém é obrigado a achar uma obra prima 10/10 sem absolutamente nenhum defeito ou coisa do tipo, mas acho que o devido respeito que a galera tem com esse jogo certamente é merecido.

Enfim.. depois desse post aqui eu vou parar com essas reviews de JRPGs com um tempo porque eu deixei claro que não sou o maior enjoyer do gênero e portanto eu tô longe de ser uma pessoa muito qualificada pra falar sobre e.. isso é mentira, o meu próximo post vai ser sobre Xenoblade e nada ou ninguém irá me impedir, FEEL THE POWER. 





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