quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

A punição do post de Persona 2


Sabe, ao contrário do meu outro post sobre Persona 2, esse post aqui não deveria existir, e coincidentemente, esse jogo também não.

Mas falando sério, eu sempre soube que Persona 2 era uma duologia(por mais bizarro que isso pareça) mas na época eu sinceramente só tava afim de jogar Innocent Sin mesmo, afinal de contas, era o que tinha um remake acessível no PSP. Mas bem, anos depois eu joguei Innocent Sin, obviamente, já que eu fiz um post sobre esse jogo recentemente. E como eu disse ali, aquilo foi uma experiência bem especial, não é lá qualquer coisa que simplesmente chega e me faz chorar de graça, e bem, eu realmente amei aquela história e mesmo ela tendo sido concluída de forma satisfatória, eu ainda queria mais de alguma forma, já que eu sei que não veria aqueles personagens em algum outro jogo, e bem, aí que entra Eternal Punishment.

Eternal Punishment é uma continuação direta de Innocent Sin, e mesmo eu achando muito estranho um jogo com uma conclusão perfeitinha simplesmente ter uma sequência do nada, eu resolvi dar uma chance, já que eu tava afim de mais Persona 2. Vale a pena constar que eu tô jogando a versão americana de PS1, já que a de PSP só tá em japonês e ninguém liga o suficiente pra esse treco pra traduzir ela.

E bem, o nome desse jogo é bem apropriado.

A Gameplay é um Meme
(He he, eu tô usando o mesmo wallpaper escroto. E agora? Já lembrou do outro post?)

Se você leu o meu post anterior, você deve saber que lá eu falei sobre o Battle System e o Dungeon Design, e como eles não eram do jeito que eram por causa da época. E bem, esse jogo aqui comprova o que eu disse, já que esse jogo foi lançado um ano depois e ele consegue ter Dungeon Design mil vezes PIOR. Mas calma que eu já chego lá.

O Battle System tá praticamente a mesma merda, porém tem um problema novo envolta dele: Balanceamento.

O balanceamento de jogo é tão bizarro que durante a jogatina eu já cheguei a gargalhar de nervoso ao me deparar com um boss fudidamente overlevel. Aparentemente os desenvolvedores queriam fazer com que esse jogo fosse mais difícil, já que Innocent Sin num geral era bem fácil. Mas o modo em que eles subiram o patamar da dificuldade, foi simplesmente aumentando o level da porra toda, sério, mesmo com um grinding decente você ainda vai estar bem abaixo do esperado. Antes de enfrentar certos bosses eu grindava um tanto e ainda assim eu ficava underlevel a ponto de ter bastante desvantagem. Eu desliguei as animações de batalha e me aproveitei de estar jogando no emulador e usei fast forward, e fiquei grindando pra poder ter uma chance contra o Was Sugawara, eu fiquei UMA HORA grindando só pra subir 6 levels, e depois mais meia hora pra subir os 3 restantes e arredondar a minha party no lvl 60 pra eu poder equipar a galera com Personas novos, já que o boss tinha uma gimmick estúpida onde ele recupera 700 de HP todo turno e se você não der dano o suficiente você tá fudido.

Eu, grindando que nem um filho da puta a partir dessa parte do jogo, cheguei no final boss no lvl 70, pra peitar um bichão lvl 99. E não, eu não tava fraco, a Maya que eu fiz questão de maximizar em Tec, e eventualmente ficou com bastantes pontos em Vit, com Ultimate Persona e tudo, não dava um dano isolado satisfatório no bicho, e nem tankava muito as hits físicas também. E sim, eu sei que o certo seria spammar Fusion Spells, mas isso era bem difícil quando o bicho tirava um dano considerável de todo mundo sempre, então sempre tinha que usar item com os outros personagens e mal sobrava sequer um pra fazer um Fusion Spell básico em dupla. Os difficulty spikes desse treco são bem mais fudidos do que deveriam ser, e isso a longo prazo acaba comprometendo bastante a experiência(só comparar com Innocent Sin que foi bem mais suave por não ter essa merda, e nas ocasiões onde tinha, era algo facilmente contornável).

Outra coisa que não ajuda é a UI do jogo, e sim, eu sei: Innocent Sin só tinha a UI aprimorada porque eu joguei o remake de PSP, e a UI do Innocent Sin na versão de PS1 é idêntica.

Sim, eu sei. Só resolvi mencionar aqui por que eu realmente não sei porque a UI não era assim desde o começo. Simplesmente não saber direito em qual turno o seu inimigo vai atacar é bem foda, principalmente em boss battles, só é um detalhe menor que me incomoda também.

E bem, vamos falar do outro peixe grande: As dungeons.

Você deve se lembrar que eu disse que as Dungeons de Innocent Sin não eram lá a melhor coisa do mundo, e que eram frustrantes até certo ponto. Esse jogo foi além e conseguiu piorar até isso, I can't make this shit up.

As dungeons aqui são ainda mais labirínticas, o que novamente, não é algo inerentemente ruim. Mas a navegação das dungeons aqui só é mais confusa pra aumentar a dificuldade de forma artificial, fazendo você perder tempo. As dungeons de IS normalmente consistiam de ir a ponto A ao ponto C, e aí poder pegar alguma merda pra ir pro ponto B, ou então o jogo simplesmente era generoso e só fazia ser ir do ponto A ao ponto B mesmo, sendo bem direto. Agora as de EP normalmente são como o primeiro citado, mas são mais desorientadoras, e as vezes o jogo resolve meter o loko de colocar várias salas e fazer você ter que ir nelas em ordem, tipo na Sumaru Studio, ou então, a dungeon depende de uma gimmick, tipo a Ancient Ruin que tem milhões de andares e vários pisos rachados, algo que no papel não é muito ruim, porém esse jogo simplesmente deixa esses pisos invisíveis, então você só vai localizar eles assim que você já tiver caído, e isso gera um vai e vem do caralho que simplesmente te faz perder tempo. E assim como em IS, explorar as dungeons não foi lá a minha praia, mas ao menos esse jogo não tem tile sets explosivos e invisíveis, o que já é algo.

Innocent Sin tinha os seus memes com dungeons, mas se você tiver Estoma, o jogo fica MUITO melhor, já que a navegação em dungeons se torna muito mais tranquila, e o resto do jogo tirando umas instâncias onde você não tem como fazer ideia de onde ir se torna muito suave.

Agora, Eternal Punishment não tem lá esse benefício. Mesmo com Estoma ainda vai vir um tanto de inimigos te encher o saco, graças aos levels fodas em cada área desse jogo, então eu realmente só navegava de boa com Estoma depois de dar uma grindada mesmo. E além disso as dungeons do jogo são bem piores. São uns problemas bem simples que a longo prazo fodem a experiência.

Interagir com demônios também não é mais lá grande coisa. Agora cada personagem só tem uma interação(e não, não é por ser a versão de PS1, já que Innocent Sin de PS1 tinha 4 interações assim como o remake). Porém a ordem em que você seleciona uma dupla ou um trio acaba gerando uma interação diferente. Na teoria deveria ser isso, mas muitas dessas combinações só mudam o diálogo e o efeito é o mesmo, assim como muitas delas simplesmente resultam em um personagem desbancando o resto e indo fazer o trabalho sozinho. Uma coisa que eu adorava em IS era como essas ações nos diziam um tanto sobre esses personagens e como era o relacionamento deles. E embora tenha umas instâncias assim aqui, é bem menos frequente. E parece que o desenvolvimento dos personagens mal ajuda nisso também. Uma coisa legal em Innocent Sin era que essa mecânica de formar duplas ou trios pra interagir com os inimigos ia evoluindo ao longo do jogo, já que os personagens em si evoluiam e fortaleciam os seus relacionamentos. Mas aqui isso mal parece ter um efeito, sério, até a dungeon final a interação da Maya e do Baofu é um desbancando o outro, com a legenda "Not much in common", sim, invertendo a ordem eles de fato tem uma interação em dupla, porém é a exata mesma interação do início do jogo. Por que raios eles fizeram esse sistema da ordem afetar o produto quando eles sequer desenvolvem isso direito? A mecânica de negociação com demônios nesse jogo foi limitada por motivo algum, as vezes parece que os caras queriam se esforçar ao máximo pra fazer esse jogo ser inferior a IS em TODOS os fatores.

Foda também é que os protagonistas não vão ganhar Personas melhores devido a escolhas que você faz no gameplay, acho que de Personas assim só tem a Maia Custom. Pra você ativar os Ultimate Personas você simplesmente tem que coletar uns itens no Mt Iwato e eles vão estar disponíveis ali pra serem feitos, e nem existem as versões Prime dos Personas iniciais também. Assim como a interação com demônios, essa parte tá bizarramente desvinculada da história, a gameplay desse jogo não tem aquela harmonia com o gameplay que IS tinha, esse jogo num geral é bem menos "Íntimo" que IS.

Outra coisa bizarra é que as lojas desse jogo mal vendem equipamento, mesmo utilizando a mecânica de rumores, demorava um tanto pras lojas adicionarem equipamentos novos ao estoque. Os caras mudaram isso pra pessoa ter equipamentos piores e se fuder mais do que deveria durante o jogo? Essa é sinceramente a única razão que eu consigo enxergar pra terem alterado isso.

Mudanças simples em relação a Innocent Sin tornaram a gameplay bem pior do que deveria, mudanças que nem deveriam ter sido feitas pra começo de conversa. Mudar essas coisas é um pecado que não deveria ter sido cometido, como o jogo vai se redimir?

OST e Gráficos na mesma sessão de novo
(Eu gosto como a capa desse álbum faz um paralelo com a capa do álbum de Innocent Sin)

Novamente, se você viu o meu post de Innocent Sin, você deve saber que eu amei a OST daquele jogo. E bem, não foi o caso aqui.

Antes de qualquer coisa eu já vou dizendo que não, eu não tô judiando essa OST por ela ser a original de PS1. Eu gosto bastante da OST de Innocent Sin na versão de PS1, e inclusive acho que umas OST's tipo o tema do final boss são bem melhores na versão de PS1. Assim como sinto falta de umas OST's exclusivas de lá, tipo a OST da intro que eu acho sensacional.

Embora, de fato a OST desse jogo num geral seja superior na versão de PSP(tipo os temas de mapa) ainda existem umas que eu acho que são melhores na versão de PS1 também(tipo o boss theme e o tema do final boss também). Então, com isso dito, vou falar da OST em si.

Assim como a ambientação do jogo em geral, essa OST aposta bastante na ideia de "Deja Vu", contando com vários remixes das OST's de Innocent Sin, pras diversas localizações e eventos compartilhados entre os dois jogos. Mas tem um porém: Normalmente as melodias sofrem poucas alterações. Tipo mudar uns acordes aqui e ali. E embora isso não seja inerentemente ruim, tem um problema em relação a isso. O problema é que, eu acho todos os remixes inferiores as versões originais. Claro, tem uns que eu acho melhorzinhos tipo o da Giga Macho, que em IS era legal mas aqui em EP eu acho que ficou melhor ainda. Assim como tem uns remixes que de fato são bem diferentes, e que condizem com a nova ambientação de tal lugar, tipo a nova versão do tema da Kasugayama Highschool, que nesse jogo tá toda fudida e assombrada(semelhante a Sevens no início de IS). Mas a grande maioria eu acho bem inferior, embora eu adore o Boss Theme desse jogo, ele é só uma versão BEM distorcida e inferior do Boss Theme de Innocent Sin.

Algo que mostra bastante como essa OST tem bem menos zelo que a de IS são os temas dos personagens. Em IS cada personagem(exceto o Michel por algum motivo) tem um tema específico pra eles, e eles inclusive tem um remix triste desse mesmo tema, pra acompanhar momentos chave no desenvolvimento deles. E bem, EP não tem porra nenhuma. Não, sério mesmo, nenhum personagem tem um tema, e o tema pra ditos momentos acaba sendo só um tema compartilhado mesmo. Novamente, não é todo jogo que PRECISA ter detalhes assim, mas a questão é que isso daqui mostra que EP tem bem menos zelo em comparação a IS.

As lojas estão com o tema bem fiel ao original. O que eu não vejo algo como necessariamente bom ou ruim, só é algo mesmo.

E não me leve a mal, eu não tô caindo em cima desses remixes dizendo que eles são uma merda, assim como não tô caindo em cima dessa OST num geral. Mas a questão é: Pra que eu vou ouvir esses remixes que formam a grande maioria da OST desse jogo quando eles são inferiores as versões originais presentes em Innocent Sin? Tudo bem que tem uns diversificados o suficiente pra eu considerar como algo aparte, mas fora isso, eu não tenho razão pra ouvir a grande maioria dele.

Por si só a OST desse jogo não é ruim, assim como não é nem mediana, ela é boa. Mas é bem difícil tentar desvincular EP de IS quando o jogo tem como proposta ser bem parecido.

Mas bem, relaxa. Existem temas absolutamente fodas aqui também, eu gosto BASTANTE do tema da intro, assim como gosto bastante dessa nova rendição de Remiscence, assim como também gosto bastante do de ambos os temas do mapa, sério o tema do mapa desse jogo é MUITO bom, e o segundo é muito bom também(sem link porque pode acarretar uns spoilers).

Esse jogo também tem dublagem. Eu não faço ideia de como é a dublagem do Innocent Sin original pra poder ter um efeito de comparação, mas a dublagem aqui eu acho até que decente. O Tatsuya de longe foi o pior personagem pra mim, por algum motivo ele soa igual um rapper qualquer dos anos 2000 e é muito difícil eu não perder quando ele fala algo, tem uma CG toda séria e emocional onde eu infelizmente gargalhei porque a dublagem dele tava estupidamente cômica e sem emoção a ponto de parecer que o cara nem tava tentando. Em contraste, eu acho que o que eu mais gostei foi o Katsuya, a delivery toda séria dele combina com o personagem, e da pra ver que o cara colocou emoção nele, principalmente quando o Katsuya ameaça prender alguém.

E bem, é isso. Num geral acho que é bem inferior a OST de Innocent Sin, mas não deixa de ser boa ainda, ela com certeza tem uns méritos sim.

Em relação aos gráficos, não tem muita coisa a dizer. Assim como em IS eles mesclam sprites 2D e cenários 3D de forma bem legalzinha. E eu realmente gosto de uns designs tipo o do Nate e o do Baofu. E o Joker desse jogo é bem interessante também, é claramente um design bootleg de propósito, já que esse cara mal Joker é, ele tá simplesmente posando. Esse Joker é uma paródia do Jared Letto e o Joker de IS é o Heath Ledger.

Embora o CGI tenha os seus memes, eu acho decente pra época, e realmente não ligo muito. As CGs em anime são legais iguais as de IS, embora não tenham muitas aqui também.

E a UI dessa versão de PS1 eu acho bem feia, ela é simplesmente um monte de caixa de texto cinza. Novamente, eu sei que IS de PS1 também era assim, a questão é que eu realmente não faço ideia do porque optaram pra algo tão fudidamente simplistico e sem vida assim, a UI de IS no remake de PSP era super simples porém era efetiva, com uns gradiantes remetendo a paleta do jogo. E eu realmente não sei porque nunca foi assim desde o começo. As portraits dos personagens são legais também, acho que são bem mais efetivas que mugshots, e tem uma variação legal de expressões, mas novamente, as expressões das shadows são a cereja do bolo.

Eu diria que os gráficos tão no mesmo nível que IS. De qualquer forma, a maioria das coisas é reciclada, e pra esse jogo eu não acho que seja uma coisa ruim, já que ninguém tem a obrigação de fazer conteúdo novo pra uma sequel direta que brotou um ano depois.

A puta não pariu, meu irmão 

É bem difícil resumir a história disso daqui sem dar spoilers de IS, maa eu vou tentar na medida do possível, e assim como no outro post vai ter um spoiler warning eventualmente.

A história começa de forma semelhante porém diferente de IS. Assim como em IS tão tendo uns incidentes em relação a um maluco aí chamado Joker. O rumor afirma que se você ligar pro seu próprio número de telefone você entra em contato com ele, e com isso consegue contratar ele pra assassinar alguém de graça. Pois é, da pra ver que o Joker desse jogo é bem mais extremo e psicótico.

A nossa protagonista, a Maya, é enviada até a Seven Sisters Highschool pra ver qual é a desse rumor aí, já que ela é uma repórter. Ela e a sua amiga Ulala vão pra lá, paralelamente, um detetive do departamento de Polícia de Sumaru, Katsuya, também tá indo pra lá pra investigar essa merda aí.

Alguém da escola liga pro Joker e contrata ele pra matar o diretor da escola, o Principal Hanya. E a crew, querendo buscar informação com ele, acaba encontrando o corpo dele na sala da diretoria, e quando eles descem pra alertar o resto da escola eles se deparam com o Joker. Que tá falando umas paradas bizarras envolvendo um tal de "Other Side", afirmando já conhecer a Maya. A galera luta com uns demônios que ele mandou e eventualmente eles são transportados pro bordel do Philemon, o viajante da fenda entre o consciente e o inconsciente. Ele tá meio fraco e fudido, então ele só consegue alertar pra crew que rumores estão se tornando realidade em Sumaru e que eles devem investigar esse corno do Joker.

A crew volta encontra o Joker ameaçando uma estudante, uma tal de Ana, tentando forçar ela a lembrar desse tal de "Other Side" também, a crew se fode pra ele, todo mundo desmaia mas a Maya acordando um pouco mais cedo, e aí chega o protag de Innocent Sin, o Tatsuya. Ele expulsa o maluco e da pra Maya o emblema da Sevens, dizendo pra ela ir pra uma agência de detetives em Aoba e espalhar um rumor afirmando que o emblema da Sevens protege todo mundo que usa ele de qualquer coisa, até mesmo do Joker, e diz pra Maya não se envolver nessa merda aí.

Evidentemente, ela se envolve nisso. A crew se encontra com um maluco que manja de rumores chamado Baofu, e todo mundo decide investigar o Joker, a Maya simplesmente queima o emblema da Sevens pra não repelir o Joker, e todo mundo vai.

Já da pra perceber que a história desse jogo aposta bastante em situações semelhantes as de Innocent Sin, mas com umas alterações pra parecer algo diferente ainda assim. Apesar de parecer não ter muita relação, a história de EP é bem dependente da de IS, e mesmo não parecendo uma sequência pra quem não jogou IS, ela de fato é.

E bem, ela tem uns memes também.

Pra começo de conversa, a protag desse jogo, a Maya, é completamente muda.

"Isso não é um problema, todo protagonista de Persona é mudo, porra!"

Sim, essa afirmação está absolutamente correta. Mas a Maya não é uma personagem original, ela não passou a existir pra ser a protagonista desse jogo. A Maya já era uma personagem estabelecida de Innocent Sin, uma das protagonistas. A Maya era uma personagem que amarrava os protagonistas juntos, o carisma dela também era algo essencial. Agora, ela simplesmente ficou muda e foda se. O Tatsuya era mudo em IS e ele fala aqui, mas isso não é algo ruim porque de qualquer forma o Tatsuya apesar de ser mudo já tinha um certo conteúdo pra trabalhar, e agora nesse jogo, ele não é limitado as ações do jogador e por isso ele pôde evoluir e se tornar um personagem completo. Porém com a Maya, o exato oposto acontece, eles pegam uma personagem completa e reduzem ela a nada.

Existem opções de diálogos pra você escolher que remetem a o que a Maya diria, mas é só isso. O jogo constantemente vai aludir a uma persona(no pun intended) da Maya que a gente nunca vê de fato tomar forma nesse jogo. A gente vai ver um cara roubar o bordão da Maya: "Vamos pensar positivo" e a crew vai falar que o maluco roubou isso dela, mas ela nunca de fato falou isso no jogo. Personagens dizem como a positividade da Maya contagiaram eles, sendo que a gente nunca vê isso aqui. Personagens vão conversar com a Maya igual o Ash conversa com o Pikachu, os personagens vão simplesmente dizer que a Maya falou de tal coisa quando ela não falou porra nenhuma. Em IS todo mundo apontava o quão quieto e antisocial o Tatsuya era. A graça do Tatsuya era justamente o fato de que a partir de um certo evento na infância, ele veio a devoluir no personagem que a gente enxerga, a ponto de ter o significado invertido da sua arcana.

Agora a Maya é simplesmente uma sombra da personagem que ela já foi no outro jogo, mas não por razão simbólica ou whatever, ela simplesmente deixou de ser uma personagem.

E falando do Tatsuya. Eu devo admitir que ele roubou o show aqui, não tem nem comparação. Enquanto todos os personagens em IS me motivaram a continuar jogando, aqui foi exclusivamente o Tatsuya. Ele fala e age exatamente como eu imaginava caso ele fosse um personagem completo. O fato dele ser um lobo solitário pra poder afastar e proteger a Maya e quem ele ama é algo que combina bastante com ele mesmo. Ele tem os melhores momentos, assim como os melhores diálogos também, a cena dele conversando com o Baofu no metrô é uma das melhores. E de fato, o jogo gira em torno dele, apesar da Maya ser a protagonista.

E bem, eu disse que todos os personagens de IS eram bons e que eu gostava de todos, e infelizmente isso não é o caso aqui.

Caso você tenha se perguntado o porque eu passei tanto tempo falando de como fuderam a Maya, a resposta é que realmente não tem muito o que falar da crew desse jogo.

Eu acho o Katsuya interessante, e eu gosto do Baofu também. Apesar de eu ter gostado bastante do Nate, não tem muito o que falar já que não foi ele que entrou pra minha party, mas sim a Ellen. Essa que eu achei bem sem graça também, assim como a Ulala.

Eu acho que o que mais compromete esses personagens é como eles são muito paralelos uns aos outros. Em IS a crew ia se desenvolvendo de forma interdependente, criando vínculos e se fortalecendo com isso, até a Yukino que veio de Persona 1 eventualmente constrói uma relação com o pessoal, e inclusive ganha o Ultimate Persona depois de ouvir um conselho do Tatsuya. Agora os personagens de EP mal tem a ver uns com os outros, a Maya e a Ulala são amigas, teoricamente até mais do que a Maya e a Yukino eram em IS. Mas essa relação delas não tem lá muito desenvolvimento. O Katsuya com o Tatsuya eu gosto um tanto, eu acho legal como esses dois irmãos anti sociais acabam se aproximando mais. O Baofu tem uma relação de inimizade com o Katsuya e a Ulala mas isso raramente é desenvolvido, eu acho que a relação dele com o Tatsuya é bem mais interessante. E os personagens de P1 são totalmente desvinculados.

Em IS você pode pegar um personagem e juntar ele com qualquer outro que eles vão ter algum relacionamento estabelecido. Em EP os personagens tem um círculo mais restringido, o que é uma pena.

Eternal Punishment tem umas ideias interessantes, tipo ter um tom mais sombrio em relação a Innocent Sin, ter protagonistas adultos e por consequência explorar os conflitos que vem com a vida adulta, tipo exploração no ambiente de trabalho ou então arrependimento profundo, desistir de sonhos, vazio existencial e tudo mais. Mas esse jogo mal consegue desenvolver essas coisas, as shadows dos protagonistas aparecem de paraquedas na dungeon final, ao invés de terem dungeons dedicadas. O desenvolvimento dos personagens por consequência de coisas assim acaba acontecendo de forma mais bruta e menos natural, esse jogo não tem a intimidade que IS tinha, ele simplesmente tenta colocar umas ideias paralelas e não consegue mesclar elas e desenvolver todas juntas de uma forma muito satisfatória.

Olha, a história disso aqui não é ruim, como uma história isolada acho que ela é daorinha(mas só isso mesmo). O problema é que ela tenta várias coisas pra poder expandir as ideias de IS mas ela mal desenvolve essas ideias novas que ela põe na mesa, na real, ela mal sabe lidar com os conceitos já estabelecidos em IS. Mas o Tatsuya e o arco dele felizmente são uma exceção, ele realmente complementa IS de forma significativa e tem uma conclusão bem emocionante e satisfatória.

E bem, esse daqui vai ser o fim falso do post, a partir daqui eu não posso falar mais do jogo sem soltar spoilers. Persona 2: Eternal Punishment é uma puta decepção, e realmente é uma sequência que não precisava existir, ela faz mudanças desnecessárias que comprometeram a parte técnica em todos os quesitos, e embora a história seja legal ela também não se salva, ela mal desenvolve o que ela propõe, e mal consegue complementar as ideias de IS, até o plot point de rumores é utilizado de forma inferior. Eternal Punishment é, na minha opinião, uma sequência falha, que como o nome diz, mais se parece com uma punição. Eu sou o Otenko, e agora eu vou ver Ben 10.


Bla bla spoilers bla bla

O jogo continua com a New World Order surgindo e botando pra fuder. Basicamente eles querem reprisar os eventos do Other Side, aka Innocent Sin. Porém eles vão fazer de uma forma um tanto diferente, eles pretendem espalhar o rumor de que pessoas que contratam o Joke se tornam um Joker também. Com isso, elas acumulam uma energia negativa chamada kegare, que a New World Order tá coletando, pra assim fazer a Xibalba emergir(que nesse jogo se chama Torifune) e summonar uns dragões pika que vão livrar a humanidade de todos seus pecados, assim atingindo uma forma perfeita.

Bem, a New World Order é bem sem graça. O que tornava o Masked Circle legal não era só o simbolismo, já que a NWO deve ter simbolismo de sobra. Mas sim como a humanidade foi ignorante e por consequência o mundo acabou, como a humanidade tava simplesmente buscando ter os seus sonhos entregues de mão beijada, como a humanidade tava desesperadamente tentando racionalizar coisas bestas como teorias de conspiração sem base, como a humanidade tava procurando algum líder pra se encostar. 

E sim, embora a NWO tenha uns elementos semelhantes, tipo a humanidade simplesmente querendo eliminar outras pessoas, ou querendo se entregar a uma crença dessas. Ela não tem o foco e o desenvolvimento que o Masked Circle tinha, a gente viu diversas pessoas devotas a ele, tipo o novo líder da Kasugayama High, a Anna, o Jun como Joker, as amigas da Lisa e yada yada. A gente viu de perto o tipo de coisa que atraía essas pessoas pra essa organização, poder, ideais distorcidos, fama, vazio existencial.. Mas com a NWO eu sinceramente vejo gente querendo se matar, e nem isso recebe o foco que merece também. A irmã da Ana simplesmente matou o Principal Hanya porque ele era meio cuzão e ainda assim ela foi perdoada de boassa, e foi curada na Velvet Room. E a Ulala? PIOR AINDA! A Ulala tinha uma puta inveja da Maya, e aí ela contratou o Joker e resolveu matar ela. Sim, ela estava bêbada, mas olha a gravidade dessa porra. Em IS os personagens se arrependem profundamente dos seus pecados, o Eikichi se sente muito merda por ter afastado a Miyabi. O Jun foi manipulado com memórias falsas, nem foi culpa dele, mas ele ainda se arrepende pra caralho do que ele fez enquanto estava sob a persona de Joker. E agora você tá me dizendo que a Ulala contratar alguém pra MATAR a Maya e depois só ficar "Putz, me desculpa.." é ok? Até mesmo na dungeon final isso mal é abordado direito, a Ulala se sente pior pelo vazio existencial dela do que pela maneira que ela via a Maya.

A NWO não é a única coisa que foi desenvolvida de qualquer jeito aqui. Como eu disse antes, os personagens mal são muito desenvolvidos também.

A Ulala fez algo terrível, e durante o jogo isso nem vai ser abordado, o Baofu simplesmente vai tirar sarro dela em uma cena pra efeito cômico(pois é). A Ulala de fato é uma pessoa extremamente superficial e ela percebe isso, mas ela vê isso na dungeon final, e a gente nem vê essa transição. A gente simplesmente vê que ela ficou com o Baofu no final, mas, como? O que aconteceu pra eles ficarem tão próximos assim? Como eles ficaram tão próximos assim? Durante o jogo eles ficaram fazendo tretinhas e na dungeon final, depois do Baofu ficar todo merda pela Miki, ela(junto de TODO mundo) manda umas palavras de apoio pra ele.

O Baofu é legal, a treta dele com a máfia é daora, ele é num geral um personagem bacana. Mas ele é bem desvinculado dos outros, e a backstory dele só é exposta com clareza no final, onde ele deixa de se culpar pela morte da Miki.

O Katsuya também só teve a backstory dele exposta no final, a gente só sabia que ele queria descobrir mais sobre o falecimento do pai dele e saber o que caralhos o Tatsuya tava fazendo, novamente, é algo interessante mas por que empurraram tudo isso pro final?

O Tatsuya como eu disse, é de longe o melhor aqui. Embora a cena dele se despedindo da crew de IS tenha tido uma dublagem horrível, é realmente muito triste e bem pesada até. O Tatsuya durante IS redescobriu as amizades da infância dele, depois de ter se tornado bem anti social e isolado. Ele se divertiu com eles, sofreu com eles, foram várias experiências marcantes, o Tatsuya realmente valoriza essa amizade, mesmo que não pareça, não é atoa que ele guardou o Isqueiro que o Jun deu pra ele por tanto tempo, e constantemente mexe nele. Tudo isso pra ele simplesmente ter que abrir mão disso tudo, abrir mão das poucas pessoas que ele se relacionou de forma genuína. Todo mundo tava pronto pra seguir adiante, todos eles estavam determinados a sacrificar as memórias preciosas deles pelo bem de todos. Mas o Tatsuya não. A dublagem fudeu muito a cena, mas Jesus, em retrospetiva ela é bem pesada, o Tatsuya tava desesperado, implorando pra que ninguém abandonasse ele, e pra que ele não permanecesse sozinho novamente. É sinceramente, um conceito incrível pra expandir o arco dele. Ele agindo sozinho no This Side, não querendo envolver absolutamente ninguém, pra não ferir ninguém que ele ama, enquanto ele se sente um merda por não ter sido forte o suficiente pra sacrificar as memórias dele, e por consequência virou um paradoxo ambulante que tá colocando o mundo todo em perigo. É um baita arco, e eu acho muito bom como ele admite que pecou e aceita a punição dele, sério, o Tatsuya é de longe a melhor coisa do jogo inteiro.

E bem, eu gosto desse final, pra ser sincero. Em IS a gente viu que o Nyarlathotep era a sombra que nunca ia deixar a humanidade, porém, através do sofrimento que ele causou surgiu a luz que extinguiu ele de volta pra vala, embora os personagens não tenham sido desenvolvidos de forma satisfatória o suficiente pra deixar esse final tão impactante quanto ele deveria ser, eu admito que eu ainda gostei bastante dele, ao menos o suficiente pra sentir alguma coisa, não chorei igual em IS, mas eu não ligo pra isso, de qualquer forma eu adoro a conclusão do arco do Tatsuya, assim como adoro o fato desse final ser uma rima visual com o de IS, porém dessa vez o Tatsuya e a Maya não se esbarram. Valeu a pena a tortura? Sinceramente, não. Mas ao menos isso fez uma parte dela valer a pena, e eu acho que isso importa, mesmo que minimamente.

Persona 2: Eternal Punishment tem um nome bem apropriado, ele é de fato uma punição pra quem jogou Innocent Sin. É um jogo ruim? Apesar de tudo, eu acho que é debativel. Talvez ele seja ruim, talvez seja painfully average... Mas de qualquer modo, não acho que vale a pena. Eu sou o Otenko, e agora sim, té mais.








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