quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

O fim do sonho e o começo da lenda: as divergências de Shenmue e Yakuza

 


Bem... chegou o momento de falar sobre o elefante na sala: a franquia Shenmue. Não é novidade que eu comecei a escrever pro blog falando muito bem sobre Shenmue, uma franquia da SEGA lá da época que ela fazia consoles ainda, um jogo que apesar de ter uma proposta única e tendo um certo nível de inovação pra época, hoje em dia precisa ser jogado com um olhar da época devido a serem extremamente datados em comparação ao que outros jogos fazem atualmente. E também não é novidade que eu propositalmente deixei o Shenmue III de fora das minhas analises apressadas e sem pé nem cabeça de anos atrás, e, tem um motivo pra isso: eu não queria fazer uma analise de Shenmue III porque o jogo não me agradou nem um pouco. Eu fiquei tão decepcionado com a experiência que eu decidi buscar jogos similares e acabei encontrando um "sucessor espitirual" de certa forma, dai veio a ideia desse post.

Observem enquanto eu viro cinzas pois os posts de Shenmue já tem 4 anos


Shenmue, o terceiro jogo e a ruína trazida pelo medo de mudar

Como já foi dito acima, apesar de serem bons jogos, a duologia original de Shenmue são repletas de decisões de design e tecnologias mais datadas quando comparadas a jogos de hoje em dia, algo que não torna esses jogos acessíveis pra todo mundo, porém sendo uma experiência bem satisfatória se esse tipo de coisa não te incomoda, devido a proposta de criar um "mundo aberto" imersivo focado em coisas mundanas e pequenos detalhes, que era algo bem único pra época. Em algum momento durante os DEZENOVE ANOS entre o lançamento de Shenmue II e Shenmue III, Yu Suzuki, diretor da franquia Shenmue e seu próprio estúdio, YS Net, responsável por fazer o terceiro jogo, basicamente acertaram na Mega-Sena dos revivals, considerando que a SEGA, mesmo não tendo interesse nenhum na franquia devido ao alto custo de produção e o fracasso nas vendas, decidiu deixar ele trabalhar com a IP desde que ele se virasse pra arrumar a grana. Foi aberto um Kickstarter, o projeto recebeu um suporte imenso de 6 milhões de dólares através da galera que já tava esperando esse jogo a quase 2 décadas e o jogo recebeu atenção o suficiente pra também receber financiamento da Sony e da publisher do jogo, Deep Silver, responsável por publicar alguns jogos japoneses da SEGA como Persona e Yakuza. 

Em 2019, lança Shenmue III, um jogo que pega Shenmue II e dá uma boa melhorada gráfica apesar das animações serem esquisitas, enquanto não muda em nada a jogabilidade, exploração e direção de dublagem, decisões de design datadas e tudo, e com um combate extremamente inferior ao dos anteriores, antes baseados em Virtua Fighter e agora funcionam tão mal e tão diferentes que dependem (muito) menos de combos e skills e mais de stats, quase como uma mistura bizarra do combate antigo porém sem o peso, feedback visual, dinâmica e fluidez dos controles e moldando isso num Action RPG, algo que por si só já é extremamente decepcionante considerando o quão recompensador era de fato aprender golpes novos e quando usar eles no estilo de combate antigo, porém, não acaba aqui. Shenmue III adiciona ainda mais decisões contra intuitivas de design, como embutir o sistema de fome e stamina diretamente no HP do Ryo Hazuki, te forçando a gastar dinheiro (necessário pra progressão do plot inclusive) a todo momento porque CORRER FAZ O RYO PERDER VIDA. Conseguir dinheiro de uma forma consistente pra quantidade que certos segmentos na história pedem é quase impossível sem depender de apostas e se a progressão tá praticamente travada atrás de RNG tem alguma coisa muito errada. Os problemas do jogo não acabam só em ser inferior aos anteriores na questão gameplay e sim...

Na história e nos diálogos. Discutivelmente um dos pontos mais importantes em Shenmue considerando que uma das propostas desses jogos é a imersão na experiência geral. Os diálogos em diversas vezes falham em se conectar numa conversa coerente, agravados ainda mais pela localização robótica numa tentativa de "capturar o charme" dos jogos antigos, que só tinham esse charme de jogo velho pois a localização de jogos naquele período eram complicados, isso dá pra notar até em jogos como Sonic Adventure. Enquanto a história é um grande pastel de vento, sem substância, que começa de uma forma e termina da mesma forma, nada muda em comparação ao ponto final de Shenmue II, nenhum personagem avança, evolui ou sequer aprende algo nessa jornada, em partes até parece que regrediu em comparação ao mesmo, e como se não bastasse isso, algum tempo depois veio uma entrevista do Yu Suzuki onde ele falava mais ou menos que ele "pretende fazer múltiplos capítulos de Shenmue". Irmão? Tu conseguiu um milagre pra fazer o terceiro, não muda o plano de criar diversos capítulos considerando que essa chance foi uma em um milhão, mete uma regressão da gameplay de um jogo de 2001 em 2019, uma história que anda em círculos e acha que vai conseguir mais? E como se não bastasse tá considerando uma prequel mesmo sem ter a certeza de que vai mover a narrativa atual? Ou é muita arrogância ou é muita burrice. A pior parte é parar pra pensar que teve uma galera que esperou 19 anos por essa sequência, saiu decepcionado e na mesma situação de antes, sem a certeza de que vai ter uma continuação, só que dessa vez também com a incerteza de que a continuação vá continuar algo de fato.


Wow breakin' the laaaaw, breakin' the woooorld

Yakuza/Like a Dragon, e a aposta no presente que criou uma Lenda

Em algum momento entre 2020 e 2021, após zerar Shenmue III e sair decepcionado, decidi checar outras franquias da SEGA pra ver se encontrava algo com uma proposta similar, baixei a demo de Yakuza 6, joguei, curti, decidi acompanhar a franquia em ordem cronológica, e acabei encontrando uma das minhas franquias favoritas atualmente. Yakuza/Like a Dragon (vou começar a chamar de LaD a partir de agora porque é mais fácil, qualquer reclamação, direcione ao gerente) é fantástico, entregou tudo que eu esperava ver num revival de Shenmue.

É um jogo imersivo que consegue tornar cada cidade um lugar vivo de fato sem perder tempo com coisas monótonas, ao mesmo tempo que faz questão de mostrar uma variedade de detalhes pra expandir ainda mais a imersão, combate extremamente bem feito e que melhora a cada novo jogo, que não tem medo de tentar inovar, apresentar estilos diferentes de se lidar com uma luta ou até mudar drasticamente a formula das lutas quando necessário, como por exemplo o estilo mudar de Brawler pra RPG de Turno com a mudança de protagonista, e que consegue sempre superar o último jogo até quando está reusando assets do mesmo. Não existe nenhum tipo de menção direta a Shenmue em nenhum tipo de entrevista ou algo assim, mas dá pra sentir a alma de Shenmue quando joga, a diferença sendo que LaD não foi sabotado por um diretor preso na mentalidade da última década que propositalmente não quis evoluir.

É engraçado pensar que LaD é tão popular hoje em dia considerando que tropeçou muito pra emplacar por esse lado do mundo quando começou no PS2 lá pra 2005, sendo visto por quem sequer tinha jogado como "GTA japonês", e tendo a localização mais tosca que eu já vi num jogo até hoje, virando piada dentro da comunidade. A franquia tropeçou tanto por aqui que no lançamento de Yakuza 5 a SEGA sequer se deu o trabalho de lançar em mídia física, só no digital mesmo. Isso começou a mudar em 2018 com o lançamento de Yakuza 0, a SEGA decidiu localizar esse por ser um ponto de inicio fácil pra quem não tinha acompanhado no PS2, e... deu certo? E partindo desse ponto só foi ficando cada vez mais popular, chegou até nesse blog numa review que vocês com certeza deveriam ler *wink wink*.

LaD tem uma das melhores histórias que eu já vi numa série de jogos, se pá até uma das melhores histórias, ponto. Uma história que sabe entregar tanto em pontos dramáticos e tristes como também consegue trazer momentos engraçados através das diversas sidequests presentes no mapa do jogo, tava jogando o LaD Gaiden esses dias e casquei o bico na sidequest onde o Kiryu tava acompanhando de perto com cara de tacho um adolescente fazendo merda porque tava ouvindo conselho romântico do "ChatGPT só que não", e o mesmo jogo não falha em me destruir com o final, que não posso entrar em detalhes por ser obviamente um spoiler gigante mas que vai te atingir em cheio como um soco no estômago se você tiver acompanhado a trajetória do Kiryu como um personagem desde o Yakuza 0.

 

Shenmue, desfazendo melhorias no ultimo jogo enquanto Yakuza decide meter RPG de turno como combate novo porque o protagonista mudou

O contraste entre a Fênix de Dobuita e o Dragão de Kamurocho

Essas diferenças bizarras entre 2 jogos com o mesmo DNA que me deixa triste com o estado atual de Shenmue, de um lado temos uma franquia com potencial que apesar do tempo é lembrada como uma memória boa, mesmo numa posição de incerteza e de indiferença com o seu próprio futuro por estar sob a direção de um cara preso ao passado, que descartou o suporte gigante dos fãs dessa saga em favor de uma visão que é discutível se ele mesmo tem a conclusão, observando as decisões bizarras tomadas ou coisas ditas em entrevista. No outro lado da moeda temos uma franquia que falhou em emplacar logo de cara mas que foi lentamente virando o jogo, a ponto de se tornar uma das gigantes da SEGA e um dos motivos pelo qual os revivals do "super projeto" sequer são possíveis. O medo de largar mão do passado de sucesso e o sucesso atual que veio por arriscar no presente. No momento que esse post está sendo escrito, meu lado fã de Shenmue segue desacreditando na oportunidade perdida que foi Shenmue III, enquanto o meu lado fã de LaD tá ansioso pro dia 26 de Janeiro, onde o jogo que promete ser o melhor da franquia até então será lançado.

Eu não queria que Shenmue III fosse o jogo que fechasse a franquia, e nunca foi essa a intenção independente do rumo que o roteiro tomou, porque um final rushado também seria insatisfatório, infelizmente uma história de 11~16 capítulos não iria conseguir ter uma conclusão boa em um único jogo, porém não mover o enredo ou seus personagens um único centímetro e nem alterar positivamente a formula em um espaço de tempo de 18 anos é igualmente deprimente, se não pior do que não atingir expectativas. Em contrapartida LaD evitou isso com a forma que escolheu moldar o roteiro com seus jogos. Cada sequência obviamente depende do jogo anterior pra um entendimento maior do enredo como um todo e do arco sinistro que o Kazuma Kiryu passa, porém cada jogo tem sua própria conclusão, fazendo com que eles funcionem muito bem como continuidade como também dentro de seu próprio vácuo. 

A conclusão que eu tirei após tanto tempo com tudo isso sobre a saga de Ryo Hazuki fermentando dentro da cabeça é que... Talvez Shenmue III tenha sido o final mesmo. Não só pela falta de certeza de futuras sequencias como eu ter só, seguido em frente. Talvez eu tenha pego um pouco pesado com o Suzuki lá em cima, não tinha como fazer uma transição sem nenhum tipo de problema entre 2 jogos que tiveram quase duas décadas entre si, talvez ele tenha decidido fazer assim como uma maneira de só reintroduzir a formula de Shenmue atualmente, ou talvez seja de fato por ele não ser um diretor que soube evoluir, como foi o caso do Yuji Naka com a bomba que foi Balan Wonderworld. O ponto é que Shenmue não é mais essa coisa mágica e única que um dia foi quando o conceito de um "mundo aberto" imersivo era algo inimaginável, tem diversos jogos com conceitos similares que souberam evoluir, Yakuza/LaD é só um exemplo que se aproxima mais devido ao elemento de combate, enquanto Shenmue III decidiu simplesmente ignorar as melhorias trazidas a formula que a própria franquia ajudou a introduzir, a história não significar nada depois de 19 anos de espera só ajudou a tornar tudo ainda mais triste de se ver e jogar do que já seria mesmo se não fosse o caso.

Eu não sei como acabar o post então uhh vão ler a analise de Yakuza 0 que eu marquei nesse mesmo post e vão ver o video do SuperEyepatchWolf sobre Shenmue III porque ele conseguiu encapsular bem o que eu senti jogando o jogo.

E vão jogar Yakuza tbm tão esperando o que.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

O ponto do Prólogo do Céu e porque funciona como um final para Cavaleiros

Se tem uma coisa que eu não saio por ai expressando, é como eu sou fã de Cavaleiros do Zodíaco, meu circulo de amigos sempre pareceu não ligar pra a obra, pra a maioria dos meus amigos CDZ é com certeza só uma velharia clichê, por isso as vezes até fico com vergonha de admitir como eu amo essa franquia, e pode acreditar, eu amo pra caralho. CDZ tá na minha vida desde que eu me conheço por gente, minhas primeiras lembranças com anime na minha vida foi com CDZ. Eu posso não ter crescido na Manchete como meus irmãos, eu só tenho 22 anos, mas mesmo assim, sempre assisti CDZ pela Band e por DVDs, e até por VHS em alguns casos.
Porém esse texto não é pra falar da minha história com Cavaleiros, e sim de um aspecto bem especifico da obra, um que me pega de jeito até hoje, estou me referindo ao filme de cinema lançado em 2004, "Os Cavaleiros do Zodíaco: Prólogo do Céu", e mais especificamente ao seu final.

Mas que tal um pouco de contexto, não é mesmo? (Spoilers de um filme de 2004)

"Prólogo do Céu", ou "Tenkai-hen Josô: Overture", é o quinto filme da franquia, porém diferente dos outros, esse aqui tinha intenções bem mais grandiosas, os 4 filmes anteriores eram puro filler, e lançados todos nos anos 80 junto do anime mesmo, eram só a típica aventura sem consequência pra a história, e bem formulada e parecidos entre si, isso não quer dizer que eles sejam ruins, 2 ou 3 entre os 4 definitivamente tem bons elementos, mas isso é além do ponto. 
O importante mesmo de se saber, é que Cavaleiros tava bem morto nos anos 90 em quesito de anime pelo menos, no japão é claro, nos anos 90 foi onde a maioria do mundo conheceu a série, mas o anime em si na época, que adaptou desde o início da obra até o final da Saga de Poseidon, acabou no japão em 1989, o anime foi praticamente cancelado, porque naquela época a Saga de Hades já estava perto de acabar no mangá, mas a Toei escolheu não adaptar ela. 
Mas no inicio dos anos 2000, especificamente em 2001, um fã francês da franquia chamado Jérome Alquié, acabou lançando uma fan-animation de como seria se a Saga de Hades tivesse sido animada também. Encurtando bastante a história, aquela fan-animation fez um sucesso gigante no mundo, e acabou chegando na atenção da Toei Animation, que assistiu e também viu a repercussão.
Não, eles não chamaram esse fã pra trabalhar com eles se é isso que esperam que eu fale, mas essa fan-animation foi sim muito importante, ela foi o principal motivo para a Toei finalmente apostar numa adaptação da Saga de Hades, e então eles começaram, e acabaram lançando a Saga em formato de OVA. 
Isso tudo acabou empolgando o Masami Kurumada com a série de novo também, a Toei Animation produziu os primeiros OVAs da Saga, e o Kurumada estava conversando com ela e o diretor dos OVAs também sobre finalizar a história de Cavaleiros com filmes. Sim, a história de Cavaleiros não estava finalizada, a obra ficou parada desde o final da Saga de Hades em 1990, mas ainda haviam planos para o que aconteceria após Hades, sem contar de um cliffhanger onde Hades havia enfiado sua Espada no peito do Seiya. 
Foi ai com esse revival da franquia que estava para acontecer, que as ideias para acabar a série de uma vez começaram a entrar em prática, a ideia do Kurumada era uma Trilogia, 3 filmes que contariam a história dos Cavaleiros contra os Deuses do Olimpo, coisa sempre aguardada por todo mundo da fandom até hoje, e assim acabando a história de CDZ. 
Os OVAs da Saga de Hades foram um sucesso absoluto, a primeira parte da Saga foi feita antes do primeiro dos três filmes sair. A Saga de Hades é dividida em 3 partes: Santuário, Inferno, e Elíseos. 
A Saga de Hades: Santuário, foi realmente muito marcante e especial para os fãs, e pra mim em especifica nem se fala, eu acompanhei a Saga de Hades inteira do começo na minha infância por meio de DVDs, foi uma época bem marcante. A animação e o traço eram lindos, a OST, a produção num geral tava ótima, não foi tudo perfeito, mas entregou pra caralho pra todo mundo, e acredito que a maioria deve concordar que foi a parte mais emocionante da Saga. Mas o que importa é que fez um sucesso gigante na época.

Então chegamos a 2004, o primeiro dos três filmes lançou, "Saint Seiya: Tenkai-hen Josou - Overture", e bem, digamos que flopou, flopou pra caralho, tanto exteriormente, quanto internamente, na produção. 
O que eu sei desse rolo todo, é que o Kurumada não ficou nem um pouco satisfeito com o filme, o Diretor se deu muitas liberdades e acabou fazendo algo muito diferente da visão do Kurumada. O projeto de 3 filmes não só foi completamente abortado, como o Kurumada demitiu o Diretor e acredito que boa parte da Staff também, o que resultou negativamente nas próximas partes dos OVAs da Saga de Hades. 

Dentro da fanbase as coisas não estavam tão melhores também, esse filme foi extremamente criticado na época, a maioria achou um filme muito chato, arrastado, e confuso. Financeiramente também não foi muito bem, o filme chegou nos cinemas do resto do mundo depois do filme já estar pela internet com legendas por pirataria, e com isso muitas pessoas já tinham assistido ao filme antes de vir para os cinemas fora do japão, e isso acabou afetando a bilheteria. 

Como eu disse, os outros 2 filmes acabaram sendo cancelados, e os resultados desse filme internamente acabaram ferrando o resto dos OVAs da Saga de Hades, a animação e traços elogiados no Capitulo do Santuário? Já eram. Inferno e Elíseos é muito barato, traços inferiores, animação travadona e que fica se repetindo, quase nem tem real animação também, se você perguntar para um fã die-hard da franquia, essa pessoa provavelmente vai te dizer que o Inferno e os Elíseos parecem um Slide Show feito no PowerPoint.
Na época eu não sabia de nada disso e nem prestava tanta atenção, e eu curti o resto da Saga mesmo assim, hoje em dia porém, é difícil não se entristecer e pensar no que poderia ter sido o resto da Saga de Hades com a mesma direção e orçamento da parte do Santuário. 
Mas então, o que é esse filme afinal? 
O Prólogo do Céu iria ser a continuação canônica da Saga de Hades, o filme se passa pouco tempo depois dos eventos dessa Saga. O filme começa com o Seiya em estado de vegetal numa cadeira de rodas, sendo cuidado pela Saori, e então anjos aparecem, anjos da Deusa da Lua, Ártemis, que é irmã de Athena. A Ártemis basicamente fala que o Olimpo não tá nem um pouco satisfeito com a Athena, que ela se envolve demais com os humanos e não age como uma Deusa, e eles também tão putos porque ela e os Cavaleiros mataram Hades. Basicamente os Deuses tão muito irritados com ela e os Cavaleiros por ficarem se opondo demais aos Deuses, chegando até a matar. 

O que acontece depois disso é que a Saori se oferece para cobrir pelos "pecados" dos Cavaleiros, ela dá a posse da Terra e do seu Santuário para Ártemis, e em troca os Deuses deixariam os Cavaleiros em paz, mas os Cavaleiros não deveriam mais lutar também. Ártemis concorda, e toma posse do báculo de Athena e do Santuário, mas mesmo assim, ela não parece querer cumprir sua parte, sendo que depois os Anjos vão atrás dos Cavaleiros para matar eles. 
O Seiya acaba acordando do seu coma algum tempo depois, mas o resultado da batalha com Hades fica evidente ainda por 90% do filme, a espada de Hades acabou impregnando uma maldição no Seiya, fazendo ele não conseguir queimar seu cosmo muito bem, e sentindo dores do peito quando tenta demais, o Seiya acaba tando bem fraco pelo filme inteiro por isso. 

O Seiya acorda bem fraco e confuso, então ele decide ir até o Santuário, mas lá ele é recebido por um Santuário completamente diferente, cheio de pilares cristalinos e cheio de água.
E além disso ele é recebido por Shina, Jabu e Ichi, companheiros por assim dizer, mas eles já chegando falando pra ele ir embora, que aquele agora era o Santuário de Ártemis, que ninguém mais liga pra Athena e que o Seiya e os outros não tem mais lugar como Cavaleiros, e começam a dar uma surra no Seiya, e o Seiya tá tão confuso e desamparado quanto qualquer um assistindo.
No fim a Shina joga o Seiya de um precipício, e ai o Jabu estranhamento comenta que eles podem ter pegado meio pesado, e depois quando o Seiya já está no fundo do pequeno abismo, ele acaba se encontrando com a Urna da Armadura dele, tudo isso dando a entender que a Shina propositalmente jogou ele lá por isso, e aquele papo todo dela foi só uma encenação, e é basicamente isso mesmo, porque a Saori realmente não quer mais que o Seiya e os outros precisem lutar, isso deve ser parte do desejo dela, mas a Shina sabe que ela não pode só impedir o inevitável, o Seiya vai continuar lutando. 
E a partir dai, o filme tem uma ou duas lutas, mas o principal é o Seiya indo atrás da Saori, os outros Cavaleiros de bronze aparecem um pouco, especialmente o Shun e o Ikki, mas esse é um filme muito focado no Seiya mesmo. 
Eu não vou ficar aqui resumindo o filme, isso tudo foi só pra dar o máximo de contexto possível pra tudo, mas agora, antes de falar do final do filme em si, vamos falar de um dos principais motivos do filme ter flopado tanto e ter sido tão criticado na época. 

Pra começar, não sei se deu pra notar por todo o resumo até agora, mas a pegada desse filme é bem diferente pra CDZ, bem diferente mesmo, o tom é muito mais sério e melancólico do que o de costume, não que Cavaleiros não tenha seriedade e melancolia as vezes, mas aqui isso é muito enfatizado, esse filme tem um clima muito forte de derrota, é meio depressivo até.
Quando você assiste, você não realmente consegue ter certeza como isso pode acabar bem, o clima é realmente como se não tivesse muita esperança, é o que eu sinto pelo menos.
O filme é bem contemplativo, cheio de cenários grandes e momentos parados para você observar, e o filme acaba parecendo muito mais longo do que ele realmente é as vezes. 
Tudo que eu falei ai é verdade, e eu não acho que são pontos negativos, porém, apesar da violência, Cavaleiros é voltado pra um publico mais infantil, o Kurumada pelo menos fica achando isso. Esse filme não tem a energia, e pancadaria, a esperança, a velocidade, não tem nada dessas coisas mais comuns em Cavaleiros, é um filme lento, sério, bem melancólico e depressivo, e tudo mais que eu já falei. É muito fora da curva pra a franquia, e é um filme cheio de subtexto também, tem muita imagem que tem mais de 1 sentido, muita coisa aberta e que não é explicada de forma mastigada pra quem tá assistindo, é um filme que com certeza não subestima da sua inteligência. O filme não é tão complexo quando eu fiz parecer, mas ele definitivamente tem essas camadas de complexidade dentro dele, e pra quem assistir pela primeira vez ou só ver sem prestar atenção, vai ficar bem confuso e parecendo que tá tudo arrastado. Os personagens não estão descaracterizados, e os temas do filme ainda condizem bem com a obra, mas o tom e a forma que a história é contada que é bem diferente e a grande maioria das pessoas não gostou, incluindo o Kurumada. 
Acho que agora finalmente podemos falar do final do filme, e do tal ponto que ele quer dar.
Perto do final, o Seiya finalmente consegue chegar onde a Saori estava, e Saori acaba fingindo que vai matar Seiya para a Ártemis, mas na verdade ela só vai curar ele da Maldição de Hades, e agora o Seiya finalmente consegue queimar normalmente o seu cosmo de novo. 
Após certas coisinhas, o Seiya fica se questionando "O que é um Deus?", e a pergunta dele acaba sendo respondida pelo Apollo, o Deus do Sol, que apareceu ali naquele momento, e por um momento o Seiya e o Apollo indiretamente ficam nesse conflito de ideologias, onde o Seiya questiona os Deuses e o Apollo fica expressando como a imortalidade de um Deus é bela e como os Humanos são não nada comparados a isso, e que nenhum Humano deveria questionar ou sequer compreender um Deus.
É curioso, que o Apollo literalmente só aparece nos últimos 8 minutos de filme, mas mesmo assim, ele tá em várias capas e posteres do filme, ele acaba sendo tratado como o vilão do filme por muito material promocional, mesmo com tão pouco tempo, E eu não to reclamando disso, a presença do Apollo e o final do filme é realmente a parte mais importante marcante dele. 
O Seiya começa a carregar um golpe, ele queima tanto o cosmo dele que a cor fica parecendo uma bola ardente de fogo. O Apollo então lança um ataque ele mesmo pela insolência do Seiya, e o Seiya fica segurando o golpe do Apollo, e ainda manda uma resposta pra o que o Apollo tava falando sobre a imortalidade dos Deuses:
"A algo imortal em mim também. Nós queimamos nosso cosmo e adquirimos poder, assim nós Cavaleiros nos unimos ao Universo, e nos tornamos quase Imortais!!"
E o poder do Apollo acaba explodindo como uma Supernova.
E depois dessa grande explosão, o Seiya, o Apollo, e a Saori, se veem em um lugar completamente branco e estranho, como se estivessem fora da realidade, ou como se a realidade em si ao redor deles tivesse sido destruída, e o corpo do Seiya, fica com um efeito como se estivesse sendo apagado ou pulverizado de certa forma, lentamente. 
E é aqui, que o Seiya acaba de uma vez deixando o seu ponto claro, e ele fala: 
 
"Os Deuses são tão poderosos assim? Os Humanos são pequenos comparados aos Deuses? Os Humanos fazem o melhor que podem para sobreviver, você não tem o direito de ser um Deus, quando não protege aqueles que trabalham tanto para sobreviver.
Perdoar e zelar pelos humanos.. não é para isso que servem os Deuses? Como você pode se chamar de Deus sem sentir amor pela humanidade?
Se ser Deus é isso então eu não preciso de vocês!!" 

O Apollo tá ainda sem dar a minima pra o que o Seiya tem a dizer, e ai a Saori fica ao lado do Seiya expressando que eles dois vão enfrentar o Apollo de frente. Mas então, o Seiya intervem de novo, e ele diz: 

"Mesmo que a Humanidade seja tola e destinada a ser destruída pelos Deuses, Eu quero dar um golpe. Eu vou acerta-lo Saori, e isso vai provar que um Humano já esteve aqui." 

Ele então eleva o seu cosmo, e vai direto para dar um golpe no Apollo, e o Apollo igualmente se preparando para matar o Seiya. 
O Seiya se aproxima cada vez mais, o rosto dele fica todo na tela, e ai..!
...
O filme corta para um texto preto com uma mensagem escrita no centro, e ela diz: 

Quando o Coração Humano,
Supera os seres Divinos,
O que os Deuses vão perdoar? E o que eles vão castigar?

E instantaneamente depois disso, a gente vê o Seiya e a Saori, conversando como se nunca tivessem se visto na vida, como se não se conhecessem. 
E sim, ai o filme acaba, simplesmente. QUÊ?! 

Quando eu era criança, eu sempre fiquei absurdamente confusa com esse final, por duas coisas, primeiramente, eu nunca tinha entendido o que aquele texto na tela preta realmente queria dizer, e eu também nunca entendi essa cena do Seiya e a Saori falando como se não se conhecessem. 
Quanto a essa minha segunda dúvida, eu descobri anos depois que o motivo disso ai, é que os Deuses escolheram poupar os Cavaleiros, ou melhor, a humanidade em si, só que os Deuses apagaram as memórias dos Cavaleiros, e assim nenhum deles são Cavaleiros mais, sem armadura, sem lembranças das batalhas ou treinamento, nada, agora eles podem só viver vidas normais. 
Mas por que os Deuses pouparam eles assim? Está claro que, foi dada uma segunda chance para eles, e ao mesmo tempo eles terem apagado as memórias dos Cavaleiros foi mais uma segurança para que eles nunca mais se opusessem contra os Deuses. 
Mas por quê? 

Bem, depois dessa cena, começam a rolar os créditos do filme, só que no final dos créditos, bem no final da música, aparece o Seiya com uma armadura nova e diferente nunca vista antes, indo na direção do Apollo como na cena anterior a aquela mensagem, e...
O Seiya conseguiu. Ele arranhou o rosto do Apollo, com direito a sangue saindo da ferida. E foi assim, que o Seiya provou o seu ponto. Que também é o ponto, daquela mensagem que aparece no texto preto. 

Quando eu era criança, eu nunca entendi aquele texto, e honestamente? Por muitos anos eu achei que aquilo era só um "Flavor text", e que não significada nada mesmo, mas, eu não to brincando, a 2 dias atrás, eu finalmente entendi aquela mensagem, e isso foi o que me incentivou a vir escrever esse texto. 

Quando o Coração Humano,
Supera os seres Divinos,
O que os Deuses vão perdoar? E o que eles vão castigar?

É exatamente isso, quando o Coração Humano, que você também poderia interpretar como "A Humanidade", Supera os Deuses, o que eles vão perdoar ou castigar? Literalmente, o quê? Qual é o ponto de um Deus, quando o Ser Humano o Supera? Eu acho esse dilema muito intrigante. Pra que um Deus quando o Ser Humano conseguiu o Superar? O que é um Deus? O que é um Humano?

As outras frases do Seiya ganham ainda mais força, o Seiya diz que ele e os Cavaleiros se tornam quase Imortais, o Seiya diz que ele não precisa dos Deuses, e o Seiya provou que um Humano esteve ali, ele feriu um Deus com as próprias mãos, e até o Apollo ficou surpreso. O Seiya, Deixou Claro o seu Ponto. O Seiya, PROVOU o seu Ponto. 
E quanto a essa armadura diferente que o Seiya vestiu ai? Eu acho que até dela nós podemos tirar algo, porque essa armadura, ela parece um meio termo perfeito, entre a Armadura de Pegasus normal do Seiya, e a Armadura Divina de Pegasus. O Seiya obviamente formou aquela armadura puramente pela queima do cosmo dele, e ela é justamente algo entre uma armadura normal e uma armadura divina, eu espero que vocês estejam entendendo o meu ponto com isso. 

O Prólogo do Céu funciona como um final para a obra, não é um final exatamente bom e feliz, os Cavaleiros perdem a memória afinal, mas por um lado, eu sinto que nesse final, os Deuses nunca mais tentariam dominar a Terra, eu sinto que eles escolheram deixar a Humanidade em paz, justamente pelo ponto dado pelo Seiya. Os Humanos Superaram os Deuses. Então qual é o ponto dos Deuses agora? 
O Seiya não matou e nem feriu o Apollo gravemente, mas ele venceu o Apollo, os ideais do Seiya sobreporão os de um Deus, a expressão na rosto do Apollo quando o Seiya acerta ele já diz tudo. O Seiya venceu, a Humanidade venceu. 
Então pode não ser o final mais bombástico e shounenzão, e definitivamente não é o final canônico, se você quiser ser uma pessoa mais cética, dá pra achar um ou outro furo nessa premissa, mas eu realmente acho que não importa, e o que o que o Prólogo do Céu tentou falar é realmente válido e bem executado. O Prólogo do Céu provou o seu ponto, e sua existência.
Pode não ter sido o que o Kurumada queria, e nem ser canônico, mas ver o Prólogo do Céu como um final para a série, por mais que não seja um final feliz, ainda é um final válido com uma mensagem, e que honestamente? Pode não ser um final perfeito, mas é de certa forma uma maneira bem fitting de terminar CDZ. 
Mas e o que eu pessoalmente penso desse filme? Eu era bem criança na época do filme, assisti ele por DVD também, foi sim bem confuso e lento, mas eu gostei, e eu só fui gostando mais e mais e ganhando mais respeito por esse filme a medida que passam os anos, e hoje em dia eu considero uma das minhas coisas favoritas na franquia toda. Hoje em dia eu não to sozinha nisso também, com o passar dos anos esse filme conquistou status de Cult Classic pra muita gente, e muita gente passou a ver ele com uma mente mais aberta.
E eu particularmente gosto muito do tom do filme, eu acho que o clima mais sério e melancólico caiu muito bem, não é comum pra a série, mas eu achei bem efetivo, e acho que CDZ tem bastante potencial pra esse tipo de história sim. 

Apesar disso tudo, o próprio Kurumada tá continuando Cavaleiros agora mesmo, ele iniciou em mangá o novo arco da série original, chamado Next Dimension, em 2006. Recentemente porém, o Kurumada já confirmou que Next Dimension finalmente está pronto, a próxima leva de capítulos será a ultima desse arco, com 16 novos capítulos, e vão lançar em algum ponto de 2023. Então agora, em 2023, finalmente vamos ter uma Saga Completa depois da Saga de Hades. 
E eu gosto de Next Dimension, tem umas coisas questionáveis, mas num geral ainda é Cavaleiros, e estou muito ansiosa para ver o final dessa Saga finalmente. Porém, já é confirmado que ND não é O final de CDZ, O Final de verdade é muito provavelmente é o próximo arco após ND, e isso vai ser foda, ainda mais se a bem dita Saga do Olimpo finalmente acontecer. 
E caso estejam curiosos o porque demorou mais de 10 anos pra o Kurumada terminar esse arco, bem, tem alguns motivos na verdade, seja a idade dele, que ele tá fazendo 70 anos ano que vem, e também o fato de que ele tá com uma deficiência na mão, mas além disso, Saint Seiya não é a única obra dele, longe disso, ele fica trabalhando em outros mangás também, e ele não dá favoritismo nenhum pra CDZ, ele trabalha nas obras dele de forma bem igual mesmo CDZ sendo a obra mais famosa e rentável dele. 
Meu maior medo agora porém, é ele acabar morrendo antes de terminar CDZ, que infelizmente eu diria que é bem possível. Mas considerando que ele já tá cozinhando coisas a anos e ele já falou mais ou menos que já sabe como CDZ vai acabar, acho que ainda da pra ele terminar a obra definitivamente, bem hypada se o arco após o Next Dimension for mesmo o último. 
Claro que, CDZ ainda recebe vários Spin-offs e até continuações, como o Saint Seiya Ômega por exemplo, mas sabe, não é a mesma coisa, esses spin-offs nem ao menos são canônicos, é tudo sempre bem fechadinho na sua própria coisa, o que eu realmente quero é o final da obra original, não importa quantos Spin-offs saírem, eu acho que CDZ sempre vai parecer incompleto de certa forma se o mangá não tiver um final definitivo, e acho que todo mundo concorda que esse final tem que pelo menos ter um envolvimento considerável dos Deuses do Olimpo. 

Como eu disse antes, apesar de toda essa situação com CDZ atualmente, eu realmente acho que o Prólogo do Céu funciona como um final, mas claro que, eu quero ver como a história vai acabar no canon mesmo, pelo próprio autor, mas ainda assim eu respeito muito o Prólogo do Céu e o que ele tentou fazer.
Mas honestamente, eu acho super válido se alguém quiser ver o Prólogo do Céu depois da Saga de Hades e considerar como um final para a obra, pode não ser perfeito, pode até ter alguns furos, mas a ideia tá ali, o ponto tá ali, e eu acho que realmente tem algo especial a ser apreciado com esse filme. 

Só a titulo de curiosidade, lembram do Jérome Alquié? O fã francês que fez aquela fan-animation em 2001? Hoje em dia, ele tá trabalhando na franquia! Ele tá trabalhando diretamente com o Kurumada pra fazer uma comic oficial da franquia, e tem chances dela ser canônica ou pelo menos parcialmente canônica.
Muito legal pra ele! Essa comic ainda vai lançar, e 5 volumes ao que parece, esperamos que seja foda.

Eu ainda fico meio triste de pensar como a canonicidade do Prólogo do Céu foi perdida e também perdemos a chance de ter aquela trilogia de filmes, mas eu ainda to bem animada com o futuro da série, com o final de Next Dimension e o eventual ultimo arco, mesmo que esse ai demore pra caralho pra ser finalizado. 

Obrigada por ler até aqui, eu sou a Violeta, e espero que eu não tenha sido cringe com esse texto. Meu próximo texto provavelmente vai ser de Sonic de novo!  


Fiquem ai com o vídeo do final do Prólogo do Céu e tirem suas próprias conclusões sobre tudo que eu disse:


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Dwayne e Ben 10



Minha paixão por Ben 10 não é segredo, ao menos, para todos que me conhecem. Comecei a gostar quando meu pai estava na barriga e continuo amando mesmo depois de todos estes anos. É uma franquia de qualidade bastante inconsistente (algo distante de alcançar o nível de vários outros desenhos de ação) e feita intrinsecamente para vender brinquedo. Ou seja, é uma série que eu considero muito imperfeita. Qualquer "era" de Ben 10 tem seus momentos de triunfo e arcos medíocres. É só uma pena que a segunda coisa seja bem mais frequente do que deveria.

Ou seja, eu não estou aqui para falar que Alien Force (AF) e Ultimate Alien (UA) são partes horrorosas com pouquíssimos pontos de redenção e que nenhum ser humano com cérebro deveria gostar delas. Eu tenho um grande carinho pelas duas. Guardo inúmeras memórias boas de infância e dos dias que usei para assistir novamente no ano passado com minha namorada. As duas primeiras temporadas de AF em específico são ótimos exemplos de escrita de personagem (e só intensificaram meu respeito pelo Dwayne) e não consigo sentir nada além de decepção com as temporadas posteriores antes da chegada de Omniverse. Não ódio (como a briguinha entre "UAF" e "OV" costuma ser no fandom), mas tristeza ao observar o caminho que a franquia tentou tomar com a chegada do lendário Dwayne Mc Duffie. 

Bom, agora que já foi totalmente estabelecido que é só um desabafo bobo de um fã que gosta de absolutamente todas as séries, estou ansioso para ver o Albedo apontando uma arma na minha cabeça e dizendo que passei de três linhas. 

O Mito, A Lenda

Eu duvido que exista um ser humano na face da terra que não reconheça a genialidade de Dwayne como escritor. De uma forma bem resumida, ele foi responsável por diversos dos melhores episódios de Justice League Unlimited, escreveu bons gibis e criou o desenho que fez parte do ritual sagrado do almoço de muita gente: Super Choque. Em outras palavras, era alguém com um toque de midas natural. Qualquer obra em suas mãos estava destinada a ser de extrema qualidade. 

Então no dia que anunciaram que Dwayne Mc Duffie seria o responsável na direção da sequência de Ben 10, você deve imaginar que eu fiquei muito animado, correto? Bom, na verdade não. Eu era jovem e burro, provavelmente estava comendo terra quando rolou este anúncio, mas lhe garanto com total certeza que cagaria nas calças se me contassem.

Uma das características mais predominantes de sua escrita é sua forma de caracterizar os personagens; normalmente são incrivelmente humanos e isto fica completamente explícito nas duas primeiras temporadas de AF. Os personagens possuem várias camadas e dificilmente agem de forma caricata. Consequentemente, o foco dos primeiro episódios se tornou algo mais puxado para o lado pessoal dos personagens. Dwayne não hesitava em colocar poucas lutas em prol de uma narrativa mais coesa. Nem sempre foi a melhor decisão (tanto que o ritmo pode ser um pouco complicado às vezes), mas sem dúvida era com boas intenções. Era seu jeito de escrever, afinal.

Um conflito entre o autor e a obra

E talvez tenha sido o "toque Dwayne" que distorceu a imagem da franquia por duas séries inteiras. Antes que você fique irritado e confuso (já que eu o estive elogiando por um bom tempo), permita-me deixar uma coisa bem clara; não houve nada de errado em trazer um lado mais humano e emocional para a franquia. Acredito que a série original demonstrou que era um conceito bem-vindo e possível em episódios como Ben 10,000 com sua excelente interpretação de um herói que deixou sua humanidade ou qualquer outro que o Ben mostrava um pingo de afeto para sua prima. Com toda certeza Alien Force e Ultimate Alien seriam as obras de ficção mais tecnologicamente avançadas se houvesse um equilíbrio entre o que cativou muitas pessoas a gostarem da série original com a qualidade da caracterização do Dwayne. Só que infelizmente não foi o que ocorreu. Os elementos e partes da história que voltam na sequência são tão poucos que você questiona se alguém da equipe sequer assistiu a parte anterior. Ou pior: a impressão que fica é que Dwayne simplesmente não tinha tanto carinho por Ben 10 quanto a Man of Action possuía. 

O Problema Evidente

Se me colocassem para dirigir uma sequência de Undertale ela obviamente seria uma porcaria, porque eu não possuo afeto algum com a obra. Simples assim. Minha preferência em mídias de entretimento é tão dissonante com as peculiaridades da obra que o produto sairia irreconhecível para quem gostava das piadas com quebra de quarta parede e personagens excêntricos do primeiro jogo.

Acho que você entendeu aonde quero chegar: Alien Force não é uma carta de amor para os fãs da série original. A mudança que vemos dos personagens, apesar de natural e esperada se analisarmos o contexto da história, não se trata de um desenvolvimento, mas de um famigerado "Time Skip"

Não acho que seja necessário mostrar em tela cada santo evento que mudaria um personagem. Inclusive, eu até defendo que o Ben se tornar responsável já estava sendo construído desde os primeiros episódios da franquia. E sobre ficar menos comediante? Completamente compreensível considerando o sumiço do seu avô. O problema, no entanto, é que ele não foi o único a ter um desenvolvimento atrás da telinha. 


O novo Kevin é provavelmente uma das melhores adições do Dwayne. Sem ele eu com certeza morreria de tédio nos ocasionais episódios torturantes e os frequentes arcos medíocres de UA. Porém, ele era um personagem insano e bruto. Uma mudança drástica se comparada com a imagem do delinquente de bom coração que temos agora. Já pensou quão impactante seria se víssemos seu passado e mudança antes de sua introdução? Além de você ter mais motivos para se simpatizar com ele, as cenas de desconfiança entre a equipe e ele seriam muito melhores (principalmente porque vimos de antemão sua trajetória), mas ao invés disto, só recebemos explicações sobre seu paradeiro no clássico (que convenhamos, era essencial, afinal, ele...estava no espaço) na segunda temporada de Ultimate Alien. Chuto que deve ser uns 50 episódios após sua introdução. 

A Gwen decidiu voltar a praticar magia, porém decidiram tirar da bunda que ela é uma Anodita só para fazer o que vimos na série original ser menos impressionante, pois tudo teria sido feito graças aos genes abençoados da menina ao invés de dedicação e esforço. E o pior é o que me deixa mais triste com esta mudança é o fato de ter sido bem desnecessária. A Verdana (vó) literalmente só aparece pra revelar que o Vô Max pulou a cerca e o lance da Gwen ser uma Anodita foi pra encher linguiça.

E olha que estou falando apenas dos três protagonistas. Quando outros personagens "velha-guarda" voltavam, como o Vilgax, normalmente voltavam totalmente diferentes (e no caso do Polvo Verde, infelizmente foi pra pior). 

Mas quer saber? Eu perdoo! Pode não ser o mesmo Ben 10 que eu gostava, mas ao menos, eu considero as duas primeiras temporadas são sólidas mesmo com alguns pontos baixos aqui e acolá. Porém...

Quando UAF tentou ser Ben 10

Sinto que é meio injusto falar mal da terceira temporada de Alien Force quando ela sofreu de inúmeras exigências da Cartoon Network, mas ao mesmo tempo, vários de seus problemas são frutos de uma direção que não conseguia entender o apelo da série original. O Vô Max já voltou a ativa, não tinha tanto motivos para continuar com o Ben que só faz uma piada ocasional, tanto que um dos pedidos da Cartoon foi justamente "tragam o garoto de dez anos de volta na série". E assim fizeram, porém vinte bilhões de vezes pior. Não ficaria surpreso se revelassem que alguns escritores apenas deram uma olhada superficial nos episódios antigos e falaram: "É isso. A garotada gostava do Ben, porque ele era irritante!"

O portador do Omnitrix se tornou tão irresponsável que é uma pena que o Servantis não apareceu em Alien Force para espancar o coitado. Ninguém gostava de ver o Ben aprendendo algo que já havia aprendido no episódio anterior, mas aparentemente é um elemento tão crucial no personagem que isto acabou amaldiçoando até as outras séries. 

Alien Force e Ultimate Alien quando tentam ser mais Ben 10 é simplesmente insuportável. O world building e os conceitos não eram tão experimentais ou divertidos como antes. Não sou muito fã do conceito de "Monstro da Semana", mas sempre senti que a série original fazia um trabalho legal, principalmente pelo fato que a identidade visual não costumava se apoiar sempre em "NOITE, BELLWOOD".  

Poxa, eu consigo citar vários episódios do clássico e consigo dizer um número razoável de coisas interessantes sobre, já a estrutura episódica e não episódica (é complicado..) de terceira temporada de AF e o resto UA? No máximo eu posso lhe dizer quais episódios o Ben fez uma coisa ainda pior e mais irresponsável que o anterior. As lutas normalmente se estendem demais e o que aprendemos sobre o mundo é muito pouco. E o tanto de talaricagem devia ser crime, viu?  

[Só um pequeno disclaimer aqui: De modo algum estou tentando dizer que não existiram episódios legais e únicos após o término da segunda temporada. Infelizmente é muito inconsistente].

E para piorar, o Ben também se torna um extremo imbecil "do nada" na terceira temporada. Esta é a magia de pular desenvolvimento através do timeskip.

Momento fiquei com preguiça 


Meu intuito era fazer a reclamação mais completa possível sobre as coisas que me incomodam com o caminho que a franquia optou com o Dwayne no comando. Detesto o traço genérico de Alien Force e Ultimate Alien (e não suporto ver gente com 0 conhecimento em arte falar mal dos traços do Omniverse), não gosto como o pessoal cria uma narrativa que Ben 10, o desenho feito para vender brinquedo, era pra continuar maduro quando sei lá, 2 terços de UAF é repleto de episódios....bem idiotas sendo sinceros. Até o arco do Kevin Supremo (que eu amo) começa com um Ben bem pateta decidindo ativar o modo psicopata no mesmo instante que o valentão resolveu acabar com o Agreggor

Mas mesmo apesar de todas estas reclamações, eu já não consigo imaginar a franquia sem meus personagens favoritos da franquia (Kevin e Paradoxo), episódios como "Alone Forever" e dos novos aliens que foram introduzidos. Por outro lado, não duvido que o mundo já teria carros voadores se colocassem desde o início um fã da franquia (como o Derrick) para dirigir a sequência da série original e convidassem o Dwayne para episódios aleatórios. Não que eu ache todas as decisões do Derrick as melhores, o timing do humor dele costuma estragar bastante várias cenas (coisas que Dwayne sempre teve cautela).

Termino a postagem pedindo que leiam todas as análises do Otenko que além de serem bem melhores, ele abordou sobre alguns problemas que resolvi comentar de uma maneira breve (para não ficar muito repeteco). E que por sinal, são bem mais completas.






segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Final Fantasy VII

 



Depois de mil anos de procrastinação eu resolvi finalmente escrever os vários posts que eu tava pretendendo fazer aqui. Desde aquele post de And then there was Ben (que era um post que eu não pretendia fazer tão cedo) eu fiquei em mais um hiato porque minha produtividade é assim mesmo. Mas recentemente eu tô mais motivado então eu resolvi investir um pouco da minha motivação aqui no blog. 

Essa review era algo que eu tava bem ansioso pra fazer. Sabe, como da pra perceber eu nunca fui lá muito chegado a RPGs, eu deixei aquilo bem claro no post de P2. Tirando Pokémon e os RPGs de Mega Man eu não joguei praticamente nada do gênero. Mas aí eu joguei P2 e curti bastante. E embora Eternal Punishment tenha sido dor e sofrimento eu ainda tava disposto a jogar mais RPGs, eu já tava devendo jogar FFVII porque me recomendaram então eu só fui.

Então como da pra imaginar eu sou um dos homens da caverna que nunca jogou um FF na vida. E eu nunca nem tive muito interesse também pra começo de conversa. Claro que por esse ser um jogo famoso pra caralho eu conhecia sim umas coisas em relação a ele, tipo a morte da [REDACTED] e coisas do tipo, mas ainda assim a minha experiência foi bem próxima de uma jogatina as cegas, ao menos o mais próximo que dava pra ser considerando o fato desse jogo ser bem famoso e ter quase uns 30 anos. Mas bem... não vou mais ficar enrolando.

Spoilers do jogo todo 

Cloud: O soldado da natureza

Bem, eu imagino que todo mundo conhece a sinopse da história desse jogo, mas vou falar mesmo assim porque isso faz parte da maldição de fazer reviews. Enfim.. a história desse jogo se passa em Midgar, uma metrópoles fodelona que é controlada pela Shinra, uma corporação de energia mais fodelona ainda que cresceu pra caralho após encontrar meios de converter a "alma" do planeta em um tipo de energia chamada Mako. Como da pra imaginar isso aí é algo bem ruim já que o planeta tá lentamente morrendo por causa disso aí, mas quase ninguém da uma foda porque o capitalismo é assim mesmo. 

No entanto, um grupo de pessoas que dão uma foda tão tentando acabar com essa porra toda aí, esse grupo é uma organização ecoterrorista intitulada de Avalanche. Eles agem explodindo os reatores de Mako que energizam a cidade, na tentativa de fuder com a Shinra. O jogo começa com um mercenário chamado Cloud Strife no meio de uma dessas missões da Avalanche.

Como da pra ver eu só fiz uma sinopse meio merda e a razão disso é que eu definitivamente não vou fazer um resumo da história toda que eu nem fiz com os jogos de Mega Man Zero por exemplo. RPGs normalmente tem enredos gigantes então é. E eu também não vou fazer um resumo que vai até onde o plot de fato começa a andar que nem as reviews de P2 porque bem.. o plot de FFVII já começa andando. E também tem o fato que todo mundo lendo isso muito provavelmente já jogou o jogo então whatever.

Bem, eu gosto bastante da história desse jogo. Esse setting é bem bacana, Midgar e tudo envolta dela é um negócio bem explorado e bem feito. É muito bom o tempo que o jogo leva pra estabelecer como a cidade funciona e como é a sociedade que vive ali, dando um tempo pra mostrar toda a segregação fudida de classes ali presentes e tudo mais. Midgar é um lugar que eu acho bem daora ver umas trivias sobre ou coisa do tipo, porque eu legitimamente tenho interesse nela, isso se deve bastante ao fato da cidade em si ser bem foda mesmo. Quero dizer, se alguém me dissesse que conseguiram tornar o conceito de uma cidade baseada em uma pizza algo genuinamente legal e bem trabalhado eu.. provavelmente acreditaria, mas ainda é bem surpreendente algo assim existir. Essa decisão do jogo tomar o seu tempo e fazer as primeiras 5 horas se passarem exclusivamente em Midgar foi bem daora e os frutos disso aí são bem evidentes.

Mas as coisas fora de Midgar são interessantes também, quero dizer, os outros lugares não são lá tão interessantes quanto a pizza voadora em si, mas a lore do jogo é algo que eu certamente aprecio. Acho bem daora essa mistura de fantasia com sci-fi. É bem legal ver esses elementos misticos tipo a lifestream ou os cetras coexistindo com a Jenova por exemplo. E não chega a ser um contraste absurdo porque esses conceitos são interligados de um jeito bem orgânico, por mais misticos que certas coisas tipo a lifestream sejam, normalmente sempre vai ter uma lógica por trás que vai amaciar esse "choque" com as coisas mais sci-fi. 

Acho bacana a forma que a história é contada também. Um criticismo que vejo o pessoal falar é que ela é uma bullshit mais complicada do que devia ser, o que eu compreendo já que depois de um tempo o plot começa a ficar complexo pra porra mesmo, e chega a ser complicado manter o foco em uma penca de plot points e de fato entender o que tá acontecendo. Mas isso aí não é derivado de uma história mal explicada ou coisa do tipo então eu não vejo como um problema. O jogo apresenta o essencial no plot principal e o resto das coisas ficam em cenas opcionais ou então informação que você acha por aí tipo os relatos na Shinra Mansion. Acho que se fosse pra ter um problema mesmo seria a termologia de umas coisas, mas isso parece mais um resultado de tradução meio ruinzinha mesmo. 

Ainda assim é uma direção que eu aprecio, se o jogo explicasse absolutamente tudo iria ter uma penca de infodump merda atrapalhando o momentum do enredo em si. No entanto eu acho meio questionável as coisas que o jogo prioriza focar sim. O jogo podia ter explicado na história mesmo o que caralhos as Weapons são, é meio paia o pau estar comendo solto no jogo e aí surgir esses Digimons gigantes do nada pelo mapa. Saber que esses bichos eram um mecanismo de defesa do próprio planeta que eram liberados quando o mesmo se sentisse ameaçado nas cenas extras é paia, I mean, um desses causou a queda da Shinra e o jogo nem explica a origem deles no plot principal mesmo. 

E tem outro exemplo meio paia também, o flashback que mostra como o Zack morreu e tudo mais é um negócio bem importante pra entender a história do Cloud e ainda assim isso é uma cena escondida que eu não teria achado se não tivessem me falado. Tipo, porra. Isso é um momento bem crucial pro personagem, e Crisis Core fez uma versão bem absurda desse evento com direito a música triste de anime de fundo.

Acho que uns detalhes mais específicos tipo como o corpo de cada um deles reagiu aos experimentos com Mako devem ficar por aí mesmo, que nem os livros da Shinra Mansion. Mas algo essencial pra cacete pra caracterização do Cloud não devia ter sido algo opcional não.

(Roubei do Dunkey mesmo, foda-se.)

Já que eu entrei nessa tangente da backstory do Cloud eu acho que é justo eu falar dos personagens agora, bem, eu gosto bastante deles. 

O Barret é hilário pra cacete e eu gosto da backstory dele envolvendo tudo que rolou lá em Corel e tals. Eu gosto principalmente do fato dele dele não ser lá o cara mais perfeito do mundo também, quero dizer, o coração dele tá no lugar certo mas a imprudência dele e a forma que ele age num geral não são lá muito boas. Gosto da cena onde a Tifa fala pro Barret que pessoas inocentes morreram quando eles explodiram o reator e o Barret fala que era algo necessário pro planeta. Ele é um pai amável e um bom amigo mas ele é bem egoísta também. E eu gosto de como o jogo chamou atenção a moralidade distorcida dele nessa cena em questão.

Gosto da Tifa também. Uma das minhas partes favoritas é quando ela da uma de psicóloga e ajuda o Cloud a sair do mind fuck fudido causado pelo envenenamento de mako e dos 300 traumas diferentes que ele sofreu. Pelo visto tem gente que odeia ela por não ter apontado as incoerências no que o Cloud dizia e tudo mais mas eu respeitosamente devo chamar quem acha isso aí de beta cuck. A Tifa é bem considerável então ela não iria simplesmente abordar uma situação delicada dessas de um jeito tão brusco assim. E eu diria que isso aí é a coisa que eu mais acho bacana nela, sinceramente eu não consigo pensar em algum outro party member que teria sido forte o suficiente pra tankar toda essa situação de descobrir que seu amigo tá meio fudido do nada e ainda abordar a situação do jeito certo.

A Aerith é bem bacana também. Gosto da personalidade mais pushy dela e como isso contrasta ela com o Cloud. A química dos dois foi uma das coisas que mais me entreteu durante essas primeiras horas do jogo. E eu aprecio bastante como a abordagem menos delicada dela foi essencial pro Cloud sair um pouco do casco. A cena da morte dela é bem foda também, mas falo mais disso depois.

O Cid é outro personagem que eu gosto bastante, a última coisa que eu esperava nesse jogo era ter um boomer puto da vida na party, mas no fim das contas é isso que eu consegui. E sinceramente eu não tô reclamando não, o plot dele envolvendo ir pro espaço e tudo mais e é bem bacana ver um personagem mais vivido que o resto, com assuntos não resolvidos na vida e tudo mais, o Barret tem isso de certo modo também mas eu acho que o arco do Cid é bem mais pé no chão nesse quesito. Also o Cid é simplesmente hilário, o fato do jogo ter uma penca de censura só deixa as coisas mil vezes melhores, o fato dos xingamentos dele serem censurados a ponto de serem incompreensíveis é um charme que eu fico bem triste ao lembrar que vai ficar de fora no remake.

O Caith Sith é bacaninha também, gosto do subplot dele ser um agente duplo, e depois que ele faz merda lá eu achei bacana acompanhar a redenção dele também.

E então tem o resto, Nanaki, Vincent e Yuffie. Já deixo claro que eu nem achei a Yuffie durante o jogo então foda-se ela. E em relação ao Nanaki e o Vincent, eu meio que não ligo muito sinceramente. Eu gostei do subplot do Nanaki descobrindo que o pai dele foi um herói e tudo mais, mas isso foi bem cedo no jogo e depois disso ele meio que só tava ali e foda-se, e eu também gosto da história do Vincent e daquela cena extra dele encontrando a Lucrecia, mas assim como o Nanaki ele meio que só tava ali também.

Meu problema com esses jogos com múltiplos party members é esse aí. Tudo bem que o Vincent é opcional e tals, mas o Nanaki é um party member obrigatório e mesmo assim ele só fica meio que passeando com o pessoal sem fazer muita coisa na história como um todo. Eu gostei do desenvolvimento dele em Cosmo Canyon e tava ansioso pra ver mais dele na história mas depois de um tempo eu cheguei a conclusão de que talvez não fosse fazer muita diferença se ele tivesse abandonado a party logo depois de voltar pra casa assim como ele pretendia originalmente.

Mas hey, tem um personagem que eu não falei sobre ainda, e esse é o soldado da natureza, Cláudio Brigão.

E sinceramente, assim como o Tatsuya em EP o Cloud roubou o show aqui. Só que de forma bem mais discreta porque o Tatsuya foi meio que o único personagem realmente desenvolvido naquele jogo mas whatever, a questão é que o Claudinho botou pra fuder.

Eu não tava com muitas expectativas porque ele não parecia o tipo de personagem que me agradaria, e pra ser sincero eu inclusive já cheguei a achar que o Cloud era um protagonista mudo. Mas quem diria, aquele cara que aterrorizou o metagame de Smash 4 com "Genkai wo Koeru" acabou se tornando um dos meus personagens favoritos de todos.

Colocando toda a atitude e o edge de lado o Cloud é bem fraco. Emocionalmente fraco pra ser mais exato. Ele não é um edgelord fodão, ele é só um garoto extremamente anti social que tenta ao máximo ser legal e descolado. 

Ver o desenvolvimento do Cloud é uma coisa bem gratificante de verdade, ele tem um monte de altos e baixos ao decorrer da história então quando ele finalmente fica bem consigo mesmo e para de atuar é algo bem foda de ver. Ele fica bem cheesy e bobão, tipo quando ele fala pro Cid que nunca vai abandonar os amigos dele ou então quando ele surta no submarino da Shinra porque ele tá ficando enjoado. Embora esse tipo de coisa possa ser visto como uma regressão pra algumas pessoas eu definitivamente não acho isso, tudo que o Cloud tá fazendo é se expressar e parar de fingir ser alguém que ele não é. 

O Cloud passou por um monte de merda na vida. Tem uma caralhada de traumas e memórias dolorosas, e pra botar sal na ferida ele não foi forte o suficiente pra aguentar a infusão de mako no corpo dele e isso degradou a mente dele mais ainda. E na tentativa de manter essa persona de soldado classe A fodelão que a mente dele criou como uma forma de enfrentamento a morte do Zack ele só tava fugindo dos problemas dele, nunca enfrentando o passado e se tornando realmente "forte". Com isso a mente dele tava toda fragmentada e fudida e ele tava extremamente suscetível a manipulação psicológica do Sephiroth. Tudo isso culminando na cena em que ele começa a espancar a Aerith..

Mas no fim das contas, o Cloud teve uma boa sessão de terapia com a Doutora Lockhart que o ajudou a juntar as peças dessa mente quebrada dele. E ele superou essa instabilidade emocional dele, assim podendo finalmente agir como o Cloud Strife; o garoto ordinário que demonstra fraqueza. E não como uma imagem distorcida do Zack Fair; o bom soldado que empunha a sua auto confiança.

A ideia de um personagem desse arquétipo de edgelord perceber que se distanciar emocionalmente da realidade e mascarar a sua vulnerabilidade na tentativa de alcançar essa idealização de força não ajuda em porra nenhuma no final é boa pra caralho. Claro que não vou pagar de sabichão e consumidor de toda mídia existente, mas esse tipo de coisa já não acontece muito hoje em dia, então imaginar que um jogo de 97 fez um arco de personagem assim, pra um protagonista ainda, é de fuder. E é triste pra caralho saber que Final Fantasy VII Advent Children aniquilou a caracterização do Cloud ao ponto da massa enxergar ele justamente pelo o que ele NÃO é, mas acontece. 

De qualquer modo, eu não sei como tem gente que ousa dizer que o Cloud desse jogo é uma porta. 


E por fim tem o Sephiroth. O Sephiroth é um vilão bem sólido, eu gosto dele ficando loucão após descobrir a origem dele. Mas gosto mais ainda dele como um obstáculo mesmo. Ele é bem imponente como um vilão e eu gosto bastante disso, tá sempre um passo a frente da party também. Bem engraçado que no começo do jogo a preocupação maior era a Shinra mas ao longo do tempo o Sephiroth foi ficando mais e mais prevalente e aí ele simplesmente tacou os engravatados pra escanteio e virou a maior ameaça de todas. 

E eu gosto bastante de como só a presença dele afeta pra caralho o Cloud, o cara é realmente a encarnação de tudo de ruim na vida dele. E embora essa dinâmica dos dois infelizmente tenha sido forçada pra caralho através de frases cheesy e clichês posteriormente, esse jogo faz um trabalho muito bom em enfatizar isso sem precisar desse tipo de coisa. A gigantesca maioria das coisas que deram de errado na vida do Cloud são resultados das ações do Sephiroth, ele encheu o moleque de trauma. E isso torna ele a manifestação física desse passado que o Cloud tenta sempre suprimir. Isso é algo que não para por aí também, visto que graças a habilidade de manipular células de Jenova que o Sephiroth tem isso fica mais enfatizado aí, literalmente os traumas fudidos do Cloud manipulando a mente vulnerável dele como uma marionete. 

Sim, o Sephiroth não é lá o personagem mais complexo do mundo, e não é como se ele tivesse uma ligação nesse nível com a party toda. No entanto, ele ainda é bem sólido como eu já disse. A Shinra como um todo ainda são os antagonistas com maior intimidade pra essa história na minha opinião, o próprio Sephiroth é um produto deles. E é meio paia que eles tenham sido jogados pra escanteio, mas não da pra ganhar todas.

E bem, voltando a história em si. Gosto bastante da narrativa também. Apesar de ser um plot meio bagunçadinho eu tava bem interessado em acompanhar as coisas. Não me lembro de nenhuma parte que eu achei chata pra cacete ou algo assim. 


E eu amo pra cacete umas cenas em específicas também, tipo, em questão de produção mesmo. 

O flashback em Nibelheim é bem foda, não só é a primeira vez que a gente de fato da as caras com o Sephiroth como também tem bastante tensão. A ideia de fazer a gente jogar essa sessão inteira é realmente muito boa e ajuda pra cacete na imersão, não só isso mas vendo o Sephiroth na party da pra ver que todo aquele hype envolta dele não era por nada já que ele simplesmente aniquila tudo enquanto o Cloud tem o cu arregaçado em quase toda luta. E eu gosto pra cacete do Sephiroth lendo as circunstâncias bizarras sobre o nascimento dele e ficando progressivamente mais louco da cabeça. Tudo isso culminando na cena onde ele taca fogo na vila toda enquanto Those Chosen by the Planet finalmente sai daquele loop curto e o trecho novo acompanha a cinemática até o fim. Tipo, cacete.

E esse não é só o único momento assim, eu gosto pra cacete da morte da Aerith também. Isso é algo que eu já sabia e pra ser sincero eu não tava lá muito emocionalmente investido, mas isso é mais porque eu infelizmente sou frio e calculista mesmo. Mas de qualquer jeito, ainda foi uma cena que eu simplesmente apreciei pra caralho mesmo. Assim como o flashback em Nibelheim tem uma baita tensão durante essa sessão inteira. 

E a morte em si é foda demais também, mesmo com o Sephiroth bugando e ficando de boca aberta o tempo todo ainda foi uma cena bem foda, talvez a quote do Cloud sobre a Aerith nunca mais rir e nem chorar seja meio dramática demais, mas não é algo que realmente me distraiu e nem nada assim. E assim como Those Chosen by the Planet aqui é a primeira vez em que a gente escuta o tema da Aerith por completo também, e o fato dele continuar tocando sem parar durante a boss battle é muito bom. Mas sinceramente eu acho que a cereja no bolo é o Sephiroth dizendo pro Cloud parar de fingir que se importa porque no fim das contas ele é só uma marionete. Acho que esse diálogo não é tão apreciado quanto deveria ser, não só é uma crítica a postura edgy e distante do Cloud como também zomba do fato dele ser só um amontoado de células de Jenova que podem ser facilmente manipuladas pelo Sephiroth, só é uma quote boa pra cacete mesmo.

Mais uma vez vou mamar o Cloud aqui e dizer que as cenas onde o Cloud tem as suas crises de identidade me parecem representar bem pra caralho como seria experienciar dissociação devido a alguma condição psicológica na vida real mesmo. A abordagem dessas cenas tem uma direção bem "terceira pessoa" mesmo. Com a câmera travando no Cloud, o filtro distorcendo um pouco a iluminação da tela, e a narração da mente dele aparecendo como texto por cima da tela. Sem contar as inúmeras silhuetas do modelo dele surgindo uma por cima da outra ao decorrer dessas cenas, cada uma realizando uma animação diferente e acumulando assim, eu acho que vende muito bem essa ideia de despersonalização. Chega a um ponto onde eu imagino que a equipe realmente pesquisou sobre ou algo assim, porque é difícil pra cacete ter um acerto desses por pura coincidência.

Esse jogo tem um bocado de coisa assim. Isso foram só algumas das cenas mais marcantes pra mim mesmo. É um jogo que é bem mais "cinemático" do que ele normalmente deveria ser, ainda mais pra um RPG da época. Eu aprecio pra caralho isso aí. Eu entendo não enxergar o jogo como uma obra prima e achar que o pessoal superestima demais a história e tudo mais, mas eu adoro de verdade esse passo além que esse jogo deu nesse quesito, ele foi realmente bem ambicioso, e felizmente ele não chegou a tropeçar por isso.

Mas é, good shit.

E já que falei da morte da Aerith eu acho uma boa citar a reta final desse jogo que é bem bacana. Meteor sendo summonado da uma tensão bacana pra esse ano final e o fato dele ficar no mapa como um perigo se aproximando ajuda a enfatizar o tom, gosto bastante do tema do mapa mudar pra algo mais sombrio nessa parte também.

No entanto a parte que eu mais gostei desse final foi a cena da party inteira se separando antes de irem até na cratera lá. Ver todos eles considerando passar o último dia com aqueles que eles amam só pra todos eles decidirem retornar pra Highwind porque o dever deles é parar o Sephiroth foi bem bacana. E até mesmo os pilotos da Highwind decidiram acompanhar a party, blessed demais.

E eu acho que a última coisa que eu tenho a comentar em relação a narrativa é que esse jogo é engraçado pra caralho as vezes. Não no sentido de ser ruim ou algo do tipo, mas genuinamente engraçado mesmo. Gosto bastante que até essa reta final o tom do jogo é até que bem leve, e tem muita cena bizarra e meio que sem sentido que acabou arracando um sorrisinho meu. Esses momentos nunca chegam a criar uma dissonância também, é algo legal sem dúvida alguma.

Mas enfim, eu curto bastante a história desse jogo sim, ela é fuck demais mesmo.

Materia: Conheça a nova moda entre os jovens
A gameplay desse jogo é bem o que você esperaria de um JRPG da época mesmo. Combate por turno e tudo mais, com a diferença de que é um combate de turno em tempo real, coisa que já tava na franquia desde o VI pelo visto.

Não é algo exclusivo que foi introduzido nesse jogo como eu disse acima. Porém é algo que eu vou comentar um pouco mesmo assim foda-se. Curto bastante esse sistema de tempo real, é uma mudança pequena que faz uma diferença significativa pras batalhas, da um senso de urgência bem bacana que adiciona um pouco de dinamismo a algo tão mundano quanto navegar pelos menus de batalha.

Acho daorinha a primeira boss battle do jogo com aquele escorpião, onde tem todo um lance de atacar ele com o timing certo, é um uso bacana desse sistema de tempo real. Só acho paia que não tem lá muitas outras instâncias disso no resto do jogo.

Nessa tangente, esse jogo também tem a gimmick de Limit. Que é uma barrinha que cada membro da party tem e que vai enchendo em tempo real durante a batalha. Quando cheia ela substitui o seu ataque padrão pelo Limit Break, que é basicamente um especial fodão. Os personagens tem múltiplos Limits pra escolher, embora eles só possam ter um "equipado" por vez. 

É uma mecânica bacaninha mas Super Smash Bros 4 executou ela de forma muito mais FODA e quebrada, sinto muito galera essa é a verdade!

Enfim, o maior diferencial de FFVII é o sistema de Materia. Basicamente esse jogo tacou o job system lá pra puta que pariu e agora coisas como as suas skills, magias e até mesmo stats vão ser influenciados por itens equipaveis chamados Materia, que você pode acoplar no seu equipamento.

Se você for chato tipo eu você pode só ir equipando umas materias que te dão acesso a umas magias e outras coisas do tipo e foda-se. Mas se você for mais sagaz e tiver um QI alto da pra fazer uma caralhada de estratégia absurda que em algumas ocasiões podem simplesmente demolir o jogo. Sério, se tu quiser fazer os personagens despirocarem totalmente e usarem o mesmo golpe umas 80 vezes no mesmo turno você pode. Infelizmente eu nunca fiz algo assim porque eu sou bem chato, o máximo que fiz foi pegar umas skills apelonas através da Materia de Enemy Skill, mas nunca foi nada demais.

Mas acho que algo que exemplifica o quão daora e complexo esse sistema é mesmo, é justamente essa materia. Isso é só uma das várias materias que tem no jogo, claro, ela é a mais complexa de todas e as outras nem chegam perto desse nível obviamente. Não obstante eu acho bacana como tem toda uma "sub categoria" de coisas dentro desse sistema através dessa materia em específica. 

Esse sistema ser tão aberto assim é algo bem foda mesmo. Esse jogo tacou qualquer tipo de classe pra escanteio e criou um cenário onde qualquer personagem pode exercer qualquer função que o jogador quiser. Desde funções mais genéricas tipo healer a até mesmo merda inventada que você decidir. É um nível de customização bem surreal, e talvez a minha palavra não tenha muito valor já que eu joguei um valor negativo de RPGs durante toda a minha vida, mas a única coisa que eu imagino que chegue perto desse nível de customização e variedade é Mega Man Battle Netwok e Star Force mesmo.

E bem, o resto é o tipo de coisa bem normal desse gênero eu diria. Mas esse jogo também tem uma outra peculiaridade..

Ele tenta ser bem mais interativo que o comum, vira e mexe tem algum minigame aleatório por aí. Normalmente coisas como o Cloud fazendo respiração boca a boca em alguém que se afogou, ou então a party fugindo de Midgar numa perseguição de veículos, ou algo como a Tifa fazendo contorcionismo pra escapar de uma execução numa câmara de gás seriam só cenas que você assistiria mesmo. Entretando esse jogo transforma essas coisas em minigames que você joga.

Normalmente eu seria o tipo de cara que acharia isso a coisa mais irritante do mundo mas a maioria dos minigames eu achei bem ok. Teve uns que me irritaram um pouco tipo o da câmara de gás, e alguns que eu tive 0 vontade de fazer que nem aquele do submarino filho da puta.. Mas a maioria é de boa, e tirando alguns casos mais específicos como o do submarino eu não acho que eles quebram o pacing.

Alguns eu acho hilários pra cacete só pela própria natureza deles. Tipo o minigame onde você controla a Tifa brigando com aquela mina lá da Shinra e você tem que apertar o botão várias vezes pra ela ficar metendo tapão na cara dela. Acho que só não chega a ser mais engraçado do que os Quick Time Events designados pra ações mundanas em jogos modernos, que nem no próprio remake desse jogo onde tem um QTE só pro Cloud fazer um high five com a Aerith.

Acho as várias formas de se locomover pelo mapa algo bem fofo também, eu acredito na supremacia dos chocobos.

E sei lá, o resto é o resto eu diria. Dungeon design e esse tipo de coisa pareceu bem de boa pra mim. Mas acho que o difficulty spike antes daquela luta com aquele bichão lá naquele reator perto de Nibelheim foi meio paia, as vezes tem disso dos levels do jogo darem uma decolada sim, mas na maioria dos casos é até ok. Com certeza tá muito longe de ser Eternal Punishment e eu dou graças a Deus por isso todos os dias.

A vantagem de ter jogado o port moderno desse jogo pros consoles atuais é que ele tem um fast forward embutido no próprio jogo, que acelera tudo mas mantém a soundtrack na velocidade normal, não só isso mas tem meio que um modo Deus onde os seus personagens ficam todos buffados com limit e HP sempre cheios e tudo mais. E a combinação desses dois torna o grinding desse jogo bem mais tolerável.

E olha.. vou ser sincero aqui e confessar que eu meio que não tenho mais nada a comentar quanto a gameplay aqui. Nessa onde de reviews de RPGs por turno que eu andei fazendo eu percebi que não tem lá muita coisa a comentar. Com Innocent Sin eu falei de como a gameplay do jogo tem uma ludonarrativa bacana, além de discutir sobre o lance dela ter envelhecido mal ou não, que eu achei importante. E com Eternal Punishment eu sai reclamando das coisas porque era uma merda. 

A gameplay de FFVII é boa sim, tem os sistemas que eu falei e tudo mais, eu acho bons e etc. Mas meio que não tenho mais o que elaborar. Todo mundo sabe como esses jogos funcionam e elaborar seria redundante pra cacete. O sistema de materia é foda e tudo mais mas tirando isso não tem lá muita coisa pra falar. Não é por ser obviamente, mas sim porque é mais do mesmo eu diria.

Talvez isso seja preguiçoso ou cara de pau da minha mas foda-se.

OST e Gráficos na mesma sessão - Versão NFT
(Fiz uma piada sobre NFTs na minha review do jogo ambientalista, ria imediatamente ou sofra as consequências.)

Eu já falei até que bastante da direção do jogo na parte de história. Esses comentários seriam bem colocados nessa sessão mas tô tentando uma abordagem um pouco mais diferente pra essas reviews. Mas bem.. esse jogo é bem bonito. 

Ele tem uma direção de arte bem única, colocando esses modelos 3D por cima desses backgrounds 2D pre renderizados. É algo que não obstante á resolução duvidosa desses backgrounds, ou então a aos modelos dos personagens, eu acho que envelheceu relativamente bem.

E pra ser sincero, eu gosto bastante dos modelos desse jogo, essa abordagem chibi e blocky pros personagens é bem charmosa e fofinha, e acho que foi bem mais inteligente do que tentar fazer algo mais "realista". Tipo isso aqui:

Claro, há quem diga que os modelos mais fofinhos podem subtrair um pouco da experiência das cenas mais sérias mas no meu caso com certeza não é assim. E como eu disse a abordagem do jogo pra esse tipo de coisa vai um passo além e torna isso bem mais difícil de acontecer. 

Outra coisa é que eu gosto bastante como esses backgrounds em resolução baixa amplificam as cenários mais industriais do jogo, os naturais ficam na maior parte das vezes meio feinhos sim. Mas essas texturas metálicas sujas e enferrujadas de alguma forma ficam melhores ainda nessa resolução. É algo semelhante a como as limitações gráficas de Majora's Mask original de N64 deixa o jogo mais macabro ainda. Talvez eu que esteja meio viajado mas é a impressão que eu tenho.

O design de personagens é bem daora também. Sei que o Nomura iria se tornar uma figura bem infame eventualmente, mas o seu primeiro trabalho aqui foi bem bacana. 

Eu gosto especialmente do design do Cloud, eu não sei o que dizer, mas o cabelo assimétrico e bagunçado, essas calças largas de Dragon Ball, o suspensório, a ombreira singular com porcas e parafusos nelas, a Buster Sword gigantesca, e o tom de roxo. Sei lá, tem muitos elementos que não deveriam dar certo mas ficou bom mesmo assim, é um design que eu genuinamente acho icônico. E boa parte das modernizações dele me deixam bem insatisfeito porque elas flertam bem mais com a intenção de deixar ele mais "descolado". Esses otários não sabem o que é legal de verdade, o Cloud clássico sempre será mais foda e chad do que o emo chorão com emblema de lobinho na roupa.

Enfim, eu acho um jogo bem bonito.

E a OST desse negócio é banger total. O Nobuo Uematsu realmente botou pra fuder aqui. 

O tema da Shinra é bom pra cacete e a vibe dele combina perfeitamente com esses vilões. E nessa mesma tangente, Mako Reactor é uma track boa pra cacete também, ela enfatiza bem a industrialidade dessas áreas. E acho que o tema das favelas de Midgar é muito bom também, 

Em relação a temas de personagens eu curto pra caralho o tema do Cid, acho que a pegada mais "militarista" dele casa muito bem com o personagem, e quando ele toca na cena onde o Cid da o discurso pra party ele passa muito bem a sensação de triunfo, por mais que ele não tenha ideia do que caralhos fazer. Outro tema de personagem bom pra cacete é o tema da Aerith, já falei um pouco sobre quando comentei a morte dela então não vou ficar me repetindo, combina bem com a personagem e principal com a grande cena em questão. Bem.. isso não é necessariamente o tema do Cloud, já que ele não tem, mas Who Am I? é perfeito pra porra em toda cena que toca e é o meu tema favorito desses daí com certeza, ele é bem enigmático e representa com exatidão o estado em que a mente do Cloud se encontra.

E os battle themes são muito bons também, as tracks padrões de combate já são bem icônicas. Mas são coisas como One Winged Angel que realmente botam pra fuder. Embora não seja tão complexa ou ambiciosa quanto uma Dancing Mad da vida. Essa track por si só já é um final boss theme muito bom por si só. No entanto, eu gosto mais de Birth of a God, sim, opinião impopular essa aí mas eu só gosto bastante da vibe dela mesmo, e os sinos tocando o motif de Those Chosen by the Planet é a cereja no bolo. Mas o meu battle theme favorito mesmo é J-E-N-O-V-A, é de longe um dos temas mais distintos do jogo todo e não é atoa, a vibe otherworldly dele combina perfeitamente com o confronto com aberrações genéticas derivadas de um parasita alienígena.

Mas o meu tema favorito do jogo mesmo com certeza é o tema principal, não sei como descrever com exatidão mas eu acho que ele captura a essência dessa aventura toda muito bem, os diversos segmentos dessa track evocam emoções bem distintas, e o produto disso tudo é um tema capaz de fazer você recordar essa experiência inteira. E nessa tangente eu vou citar Highwind Takes to the Skies como outra track boa pra cacete, é um remix bem energético da sessão mais triunfante do tema principal e ele carrega muito bem todo o hype dessa reta final do jogo consigo.

Enfim, é uma OST bem diversa com uma caralhada de músicas muito boas. Falei das mais icônicas pra mim aqui mas basicamente toda track do jogo é boa, botaram pra fuder mesmo.

FFVII é um jogo bem fuck e depois de sair da minha caverna pra jogar eu finalmente consigo entender o hype por trás do negócio, é algo bem ambicioso pra época em inúmeros aspectos e meio que colocou um gênero inteiro no mapa aqui no ocidente por si só. Claro que ninguém é obrigado a achar uma obra prima 10/10 sem absolutamente nenhum defeito ou coisa do tipo, mas acho que o devido respeito que a galera tem com esse jogo certamente é merecido.

Enfim.. depois desse post aqui eu vou parar com essas reviews de JRPGs com um tempo porque eu deixei claro que não sou o maior enjoyer do gênero e portanto eu tô longe de ser uma pessoa muito qualificada pra falar sobre e.. isso é mentira, o meu próximo post vai ser sobre Xenoblade e nada ou ninguém irá me impedir, FEEL THE POWER.